Maldita Teresa
“Maldita Teresa” Pensou José cansado de olhar para o telefone. Já vai fazer quase três semanas que ela não liga , não o visita e nem se quer deixa-se penetrar em sua mente.
José é um homem magricela de olhar doentio , possessivo e arrogante . Teresa foi a única mulher que havia agüentado seu humor repressivo sem criticado. Aquilo tudo era o amor mais puro que podia acontecer na vida de um boêmio.
Os ponteiros do relógio já estavam de caminhada para as nove horas da noite , então que seu extinto emocional empurrou feito chumbo em suas mãos o caderno de anotações. Começou seus lamentos com a caneta esferográfica que usara para anotar o telefone da maldita mulher no inverno passado .
“Então é assim que os querubins do amor são com os boêmios ? Lhe oferecem com o beijo do amor e depois o dilacera com a cruel mordida da traição ? E a mulher que por quem dediquei poesias e canções ao pé do ouvido com que me retribui ? Amor ? Odio ? Do que vivemos afinal ?
“Não sou daqueles que acreditam nas palavras doce e realizações perfeitas dos medíocres contos de fadas , pois os gregos já previam o sofrimento eterno de amar em suas tragédias exuberantes . O coração nada mais é do que uma bomba transmissora de pasta vermelha preste a se romper nos pulsos de quem sabe o que é sofrer .
“O ódio nos torna mais forte e corajoso. Forte para destruir nossos inimigos , acabar com seu mundinho vasto e coragem de enfrentar as dores do amor para se vingar .
“Será que a solução para a decepção amorosa? .......”
O primeiro toque do telefone interrompe sua concentração e já calcula em seus pensamentos a dona do telefone . Não havia dúvida que era Teresa , e foi ai que concretizou seu ódio ao atender secamente o telefone com um desprezível “Alo”. Era do necrotério , desculpou-se pela grosseria e se preocupou com alguma morte na família . Foi encontrado um corpo com o seguinte laudo . Morte causada por dez perfurações do ventre ao tórax . Assalto . Encontrada nua entre o canavial do limite da cidade com aparentemente três semanas de falecimento . E a única prova que eles haviam achado era um papel amassado escrito “José o amor da minha vida” e em seguida um número de telefone em destaque num coração vermelho. Desligou e concluiu : “Maldita Teresa”.