Ela roubava flores

Ela roubava flores como quem roubava sorrisos.

Ela era tão natural que iluminava o ambiente

Ela era direta, falava com a inocência de uma criança

Por mais cortante que fosse sua frase.

Vivia por momentos, por amores e desalentos.

Ela era tão frágil que parecia forte.

Mas o tempo muda tudo...

E assim, a cada dia, sua delicadeza foi se endurecendo.

Tijolo por tijolo, foi montando seus muros...

Já não conseguia rir por rir, perdeu sua inocência.

Uns culpavam, o coração partido.

Outros acreditavam, que tudo era uma fase.

Mas Ela sabia, havia congelado.

O medo a paralisava...

Não queria mais a perda, tinha medo do apego.

E se debruçava sobre o lago para ver o que restava.

Uma face cinza, arrogante, narcísea, assustada: medrosa.

Sente na face a brisa que passa ao lado. Gelada.

O sol já se escondia por debaixo das árvores

Disfarça e sorri falsa... No desespero da sua perda.

Perdeu a si mesma,

Como quem foi embora de fininho para não deixar saudades.

Senta-se bem na beirada de rio e chora, desabafa, grita

Onde foi que se perdeu?

Depois da agonia uma brisa quente. Começa a se acalmar.

Começa a sentir a paz, novamente, mas sabe que a estrada é longa

E que ainda vai ter de se enfrentar

Cara a cara com seus medos, para a eles matar

Proteção, Arruda e Alecrim

E hoje, Ela finalmente adormece em paz...