OH! EVELINA! SE TE PEGO! = EC
Evelina, comentou que estava com uma moça do sítio, muito boazinha, hospedada em sua casa procurando um emprego de doméstica.
Era tudo o que eu queria. Moça da roça, simples, bem recomendada, para morar em casa.
E, quase que de imediato, lá estava a Janete à minha porta, segurando uma sacola meio arrebentada e uma bolsa esquisita.
Mas ela tinha boa aparência, parecia forte e saudável e eu abri para ela a porta de minha casa, gesto esse do qual me arrependeria amargamente depois..
Fui trabalhar e deixei-a em casa. Disse que podia ficar em seu quarto e que só no dia seguinte começaria suas funções.
Quando voltei. a noite. ela tinha feito o jantar. Usara praticamente tudo o que eu tinha para o resto da semana, colocara na mesa da sala a minha melhor toalha, os copos de cristal que só usava para visitas.de cerimônia e acendera todas as luzes da casa.
Meu marido e eu chegamos juntos e demos boas risadas antes de saborear o jantar que ela preparara, que estava realmente muito bom, e que serviria fartamente umas vinte pessoas.
No dia seguinte, expliquei-lhe o que queria que ela fizesse e fomos trabalhar.
A noite outra surpresa.
Ela resolvera arrumar o escritório que, diga-se de passagem, estava numa adorável bagunça Eu e meu marido não primávamos pela ordem, mas um respeitava a desorganização do outro.
Desta vez não tivemos vontade de rir, pois ela tinha mudado tudo de lugar, misturara os papeis dele com os meus e pior, jogou fora alguns documentos importantes. que achou que não valiam nada.
Mais uma vez tive que me armar de paciência, explicar a ela quais eram suas obrigações e pedir que não tomasse qualquer iniciativa sem eu mandar.
Nos dias que se seguiram ela continuou fazendo tudo a seu modo, tirando-me a paciência e demonstrando claramente não ser má, mas um tanto desequilibrada.
Tive ímpeto de esbofeteá-la no dia que ela deu camarão estragado para a minha cachorrinha que quase morreu intoxicada..
Cheguei a conclusão de que não podia continuar com ela, mas não sabia o que fazer.
Ela não tinha para onde ir, dificilmente arranjaria outro emprego e eu não queria deixá-la abandonada.
Meu marido achava que eu devia passá-la para alguém da mesma forma que a Evelina fizera comigo, mas eu não achava que isso fosse correto, pois estávamos lidando com um ser humano e não brincando de batata quente.
Mas, afinal, ela mesma me apresentou a solução:
- Vou me casar!
- Vai? E quem é o noivo?
- O Nicolau
- Que bom! E o que o Nicolau faz?
- Ele é pedinte
- Pedinte? Você vai pedir esmola na rua com ele?
- Vou. Ele disse que a gente ganha mais do que trabalhando.
E lá se foi a Janete com sua sacola arrebentada e sua bolsa esquisita, para s lua de mel em baixo de alguma ponte.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Contraindicação
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