Cala a boca
Então apenas cala a boca, cansei da sua voz doce. Você que ainda não aprendeu que as palavras escritas não podem ser lançadas ao vento? Você é filho de escritor e mesmo assim não sabe que as palavras têm poder. Escuta aqui, de que adianta fazer de mim um objeto de desejo se não me encontras? De que lhe serve imaginarmos juntos se não me vê.
Desculpe-me, mas cansei de suas desculpas – de seu tom sereno, de ouvir que é na paz que se constrói a vida, durante um tempo me embriaguei em suas desculpas e hoje vejo com desdém as meras ameaças de possibilidade.
Sinceramente – hoje eu queria socar a sua cara e dizer que não acredito em suas palavras e que o seu comportamento não faria nunca jus a nossa história. Nós que iniciamos tão docemente, que trocamos beijos inebriantes a ponto de causar inveja nas outras mesas, que durante poucos dias éramos tudo que eu sempre sonhei.
Por isso, cala a boca. Não me maltrate com sua doçura, não me entristeça com a não reciprocidade, hoje você está proibido de pensar em mim. Hoje você não faz mais parte da minha história, hoje eu não vou mais escrever sobre você. Hoje tudo acabou.