Reencontro
Reencontro
Muito cedo ela começou a namorá-lo. Não que fosse namoradeira ou gostasse tanto dele. Mas, ele despertava nela certa atração e encantamento. Durante anos, ele fez parte de sua vida. Nas horas tristes ela sempre o procurava. Ele a acalmava, embora fosse voluntarioso e exigisse dedicação total para que houvesse um retorno a altura.
Todos, a sua volta, torciam por aquele relacionamento.
Entretanto, as exigências eram tantas que: ...Ela cansou. Arrogante e precipitada, comportamento próprio da juventude, ela disse: Basta!... E o abandonou.
Toda família, principalmente sua mãe, sentiu a separação. Ele era querido por todos e certamente seria um amigo leal nos dias de solidão e desencanto, que a vida sempre apresenta.
Mas ela não acatou os apelos e distanciou-se do companheiro; que permaneceu calado, tornando o ambiente entristecido.
Outras jovens chegaram e tentaram envolve-lo, mas, em pouco tempo, desistiram. Ele exigia muita dedicação.
Fechado em si mesmo. Emudecido. Triste, a um canto, ficava a espera de quem o dominasse.
O tempo passava. A jovem permanecia afastada.
Tentara outros amores, que nada tinham haver com o antigo companheiro. Porém, nas horas vazias, era por ele que seu coração clamava.
Casou. Vieram os filhos, que passaram há ocupar seu tempo. Contudo, em seu intimo, permanecia a saudade do velho companheiro.
O marido compreendeu que há amores que são eternos e que ela, sua esposa, não deveria ter se afastado daquele que poderia ter sido seu bem maior.
No coração do marido, surgiu a idéia de reaproximar os dois, para que antigo romance renascesse. Ele, o marido, saiu em busca do rival.
Encontrou-o abandonado. Parecia quase sem vida.
Depois de alguns ajustes e com certa dificuldade: Resolveu trazê-lo, de surpresa, para que houvesse o reencontro.
Quando ele chegou: a esposa surpresa não acreditou no que via.
Seria verdade? Parecia que o tempo não havia passado.
Ele, triste e calado, estava, ali, ao seu alcance.
Será que consigo reanimá-lo e fazê-lo voltar à vida? Ela pensou.
E assim pensando, ela se aproximou. Arrancou-lhe a capa desbotada. Acariciou-lhe com ternura.
As lembranças despertavam nela um antigo sentimento adormecido e com ele o desejo de tocar-lhe em toda extensão... De maneira suave, rápido e alegre, enérgica e vigorosa...
Não mais se conteve. Entre lágrimas, abriu o piano e executou a música que sempre permanecera em seus sonhos: Le Lac de Come.
Após o reencontro, a separação não passou de um breve intervalo no tempo.
Lisyt