MINHA HISTÓRIA (capítulo XX)

Quando retornei ao hospital Luzia estava calma e medicada. Disse para que eu não me preocupasse, pois não era nada sério. Na Segunda-Feira, quando fui visitá-la todos os exames já haviam sido feitos e ela estava muito satisfeita,sorrindo e bastante feliz. Pediu-me para deixar nossa casa em ordem. Saí do hospital muito satisfeito e até consegui dormir bem à noite, o que não havia conseguido na noite anterior. Na Terça-Feira minha irmã foi ao hospital para passar o dia como acompanhante. Fui ver minha esposa à tarde e notei que ela estava muito sonolenta sem, ao menos, conseguir conversar direito. Minha irmã disse que era efeito dos medicamentos. Voltei para o restaurante, pois estava de plantão naquela noite, mas, comecei a trabalhar muito preocupado. Minha irmã havia continuado lá no hospital. Por volta das 20h minha irmã me ligou avisando que Luzia estava passando muito mal. Deixei tudo, imediatamente, peguei um táxi e fui “voando” rumo ao hospital. Lá chegando entrei correndo no quarto onde ela se encontrava. Quando me aproximei do leito ela tinha acabado de falecer. Entrei em um desespero tão grande! Não conseguia entender o que havia acontecido!

O médico veio conversar comigo, me explicou que ela sofrera uma parada cardíaca irreversível e que a equipe médica não conseguiu salvar nem a mãe e nem o bebê. Fiquei viúvo aos 22 anos! Novamente me senti sozinho no mundo...

Depois de uma semana voltei a trabalhar no restaurante onde tinha outro garçom, também, solitário. Fizemos amizade e começamos a sair juntos. Seu nome era Paulo, sujeito muito legal, mas gostava da tomar umas cervejinhas além da conta. Foi quando comecei a acompanhá-lo num copo de cerveja e sem perceber este hábito foi aumentando gradativamente. Após alguns meses eu já não conseguia passar nem um dia sem tomar um gole de cerveja junto com o meu amigo. Quando saíamos do restaurante, após um dia de muito trabalho, sempre parávamos em um bar onde consumíamos várias garrafas.

(continua)