MINHA HISTÓRIA (capítulo XIX)

Um pouco antes do falecimento da minha mãe eu tinha arrumado uma namorada de nome Luzia que sempre ia às visitas ao hospital comigo. Quando minha mãe faleceu eu fiquei praticamente sozinho e resolvi casar-me. Porém, o pai da Luzia foi contrário ao nosso matrimônio, pois ela só tinha dezesseis anos. Aquilo me deixou mais confuso ainda. Foi aí que nós decidimos fugir. Eu tinha dezenove anos. Um mês depois voltamos e, finalmente, nos casamos; meio na “marra” é verdade. Voltei a trabalhar no restaurante, só que, agora como garçom, pois já havia me profissionalizado.

Morávamos no mesmo barraco da favela e com a ajuda dos meus irmãos pude comprar móveis e eletrodomésticos novos. Nossa vida transcorria normalmente. Trabalhando arduamente e economizando comprei um terreno fora da favela. A minha intenção era construir uma casa fora daquele ambiente. Já tinha se passado mais de dois anos desde o dia do nosso casamento e Luzia estava grávida. Tudo transcorria normalmente.

Num Domingo pela manhã, por falta de energia, Luzia foi passar um paletó na casa de uma amiga fora da favela. Ela estava no oitavo mês de gestação. Eu ainda estava deitado quando alguém bateu na porta avisando que Luzia tinha caído na rua. Dei um salto e saí correndo imaginando o pior, mas, por felicidade, ela caiu de joelhos. Foi socorrida por uma vizinha e imediatamente levei-a para um pronto socorro. A médica que a atendeu disse que ela estava coma as mãos e as pernas bastante inchadas e havia necessidade dela ficar internada. Voltei para casa a fim de providenciar roupas e outras coisas das quais ela necessitaria.

(continua)