MINHA HISTÓRIA (capítulo XVIII)
Minha mãe tornou a passar mal sendo necessária, mais uma vez, a sua internação para uma nova bateria de exames onde ficou constatado que havia um tumor na medula óssea. O médico disse-nos que ela precisava de uma cirurgia e para que isto fosse realizado seria necessário o consentimento da família. Para complicar não sabíamos se o tumor era benigno ou maligno. Ele nos alertou para a possibilidade dela não mais voltar a andar depois da operação.
A cirurgia foi executada e ela passou oito horas no centro cirúrgico. Na saída o médico nos comunicou que, infelizmente, o tumor era maligno. Quando a mãe foi levada para o quarto e nós pudemos visitá-la foi confirmado que ela não poderia mais sentar e nem virar-se sozinha. Inclusive, passou a usar sonda urinária (o que seria mantida para o resto da vida).
Só eu ia ao hospital para tentar levar algum consolo. Levava umas frutas, ela me perguntava sobre seus outros filhos (a). Eu não podia contar tudo o que eu sabia devido à vida que eles levavam. Quando eu saia do hospital, às vezes, ia até a favela onde passava para um emissário o estado de saúde da nossa mãe para meus irmãos.
Minha mãe ficou internada, neste hospital, durante três anos, pois o dono, Dr. Moisés, era cliente do restaurante e, condoído com a minha história manteve-a internada. De tempos em tempos ele mandava uma ambulância com uma enfermeira para levá-la até nossa casa no intuito de dar baixa junto ao SUS. Um ou dois dias depois, mandava buscá-la novamente e de novo internava-a com uma ficha nova. Assim sucedeu até a sua morte.
(Continua)