MANICÔMIO COM CERVEJA

MANICÔMIO COM CERVEJA

manco nu Leblon

Bengala na mão esquerda

Manco desta perna

Ombro direito fodido

Resguardado com tipoia azul-marinho

Com mais de quarenta

Barrigudo

Cabeludo

De boné

Cavanhaque louro ralo

Tipo barba de bode

Olhos azuis sociopatas

Eee...

Pelado

Deste jeito

Dentro de casa

Depois do banho

Ainda molhado

Bêbado

Escutou o choque de ordem

Rua Dias Ferreira

Onde mora

Muitos reboques da prefeitura

Ele

Desprezando obrigações

Gritou

- Amor, eu parei seu carro no lugar errado, não tenho dinheiro pra tirar do Depósito.

A mulher histérica grita pra ele

- Não sei onde está a chave

Ele olhou pela janela do banheiro

O carro dela era o primeiro da fila

Caminhão vindo de ré

Guincho funcionado

Entre falar da chave ou resolver

Largou a bengala

Enrolou a tolha na cintura

Pegou a bengala

Ele

Agora

Estava na sala

Visualizou a chave

Pegou com a boca

Saiu pra rua

Correndo e mancando

Mancando e correndo

De bengala

Tipoia

Toalha

Eee...

Boné

Viu o reboque muito perto do carro

Dois casais

Entre vários outros

Vinham em sua direção

Sua toalha caiu

Sem mãos pra usar

Ficou

Nu

No coração do Leblon

Maior burburinho

Em meio a um choque de ordem

Seu pau balançando

Pedestres andando

Ele

Tão perto do carro

Preferiu continuar

Largou a bengala

Pegou a chave da boca

Abriu a porta do carro

Pelado

Entrou

Ligou o carro

Deu ré

Engatou a primeira

Tudo com a mão esquerda

Saiu cantando pneu

Salvou-se do depósito

Molhado

Sem documentos

Dirigindo

Nu

Riu de si mesmo

Sem perceber

No sinal

Outra rua

Rua Visconde de Albuquerque

Perto do 23º Batalhão

Foi visto

Pela PM

Não foi preso

Com certeza não

Pra um cara desses

Manicômio com cerveja