MINHA HISTÓRIA (capítulo XV)

Gérson e Amélia, todos os dias, chegavam cheios de novidades: celulares, relógios, jóias e muito dinheiro na carteira.

Eu lavava a moto dele dia sim, dia não e recebia “gordas” gorjetas pelo trabalho. Gorete e Ana vendiam para eles, cremes, perfumes e toda sorte de artigos de perfumaria. Assim elas faturavam bem e nós íamos vivendo dessa maneira. Ninguém mexia conosco com medo do Zé do Bode porque a fama dele havia chegado à comunidade.

Um dia veio a notícia: Gérson fora preso por assalto a mão armada. A mulher que o acompanhava conseguiu fugir. Depois soubemos, para infelicidade geral, que se tratava da minha irmã Amélia. O casal parava com a moto nos sinais de trânsito ao lado de motoristas (na maioria das vezes mulheres). Gérson apontava a arma e Amélia carregava o que podia. Das pessoas que foram assaltadas pela dupla, praticamente todas, relataram a polícia que o casal era muito violento.

Após a prisão de Gérson não demorou muito para a polícia bater na casa de Amélia que havia fugido deixando a casa completamente vazia. Avisados pelos vizinhos a polícia veio a nossa casa querendo que nós disséssemos o paradeiro de Amélia. Como não soubemos informá-los levamos uma “dura” do Delegado. Posteriormente ficamos sabendo que ela havia se mudado para a mesma favela dominada por Zé do Bode e Laércio onde ficou escondida, durante cinco meses, tempo este que faltava para seu filho nascer.

Lá em casa, agora quem “dava as cartas” eram Ana e Jaime. Eu e Gorete não podíamos falar nada. Apenas cuidar da casa para o casal de “Marajás”. Eu continuava no curso de alfabetização. Após seis meses já conseguia ler e escrever alguma coisa e nesta época comecei a trabalhar no “Bar do Dadá”, português boa gente! Iniciei lavando copos e servindo cafezinho. O local era de grande movimento. Com o passar do tempo fui me aperfeiçoando no trato com os clientes.

(continua)

Di Assis
Enviado por Di Assis em 27/07/2010
Código do texto: T2402811
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.