AO SOM DE UM BOLERO (conto curto)
Adeus! Ela ouviu e estremeceu. O peito queimou. Pensou que não fosse aguentar. Levantou-se da mesa. Pegou a bolsa. Olhou em volta. Alguns casais dançavam ao som de um bolero. O bar envolto em penumbra. Cambaleou ligeiramente. Ah, recolheu também as lágrimas. Chorar em público não era de seu feitio...
Chamou um táxi. Meia hora depois entrou em casa. Correu ao banheiro. Será que cortava os pulsos? O estômago revirou. Enjoo? Fome. Lembrou que tinha pensado em pedir frango a passarinho. Mas o adeus tinha vindo mais rápido que o garçom.
Foi pra cozinha e abriu o fogão. Duas da manhã. E daí? Ia preparar frango a passarinho. Terminou o prato assobiando o bolero da pista. Dançou sozinha. Alguma coisa lhe dizia que o pior passara. O bolo no estômago? Sumiu. E o aperto no coração já não doía quase nada. Ia sumir também. O bolero na cabeça. Hum, delícia esse frango a passarinho...
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Dançamos o BOLERO
lembramos os pontos de nosso bailado
tomamos o cuidado de dançar, em vida, acompanhado
sempre dois prá lá ... dois prá cá ...
(Cavenatti)
(Bela interação! Obrigada Cavenatti)