A moça ainda fuma
Da fumaça do meu cigarro vejo o reflexo
da moça de olhos castanhos.
Respira sozinha à meia luz do quarto.
Degusta a fumaça que solta cuidadosa, simétrica.
O corpo deitado na cama denuncia a sua solidão.
O desejo sufoca cada respiração que desenha:
os movimentos são cadenciados, suaves e lentos.
O escuro velado não atrapalha suas mãos.
Que acende vagarosamente mais um cigarro.
Eu quase leio seus pensamentos, quase a alcanço.
Sei que ela pensa nele...
Mas no quadro atual é difícil saber quem é ele...
Só sei que para os outros Reina soberba,
Quase indiferente ao meu rabisco.
Mas ela não se basta, nada basta.
Sozinho...
O amor precisa do outro para sobreviver.