Ela Grita

Minha alma é falastrona, é uma dessas que sente prazer em se expor. Ela grita, gargalha, pensa alto. E durante a procura da preservação ela me trai. Ela enxerga através, ela sorri, ela que hoje em dia manda e desmanda em mim. Minha alma adolesceu, ela tem um prazer, quase rebelde de me colocar em apuros, ela se expressa da forma que bem entende, ela não houve.

Ela convida o moço de madrugada, ela me embriaga de vinho, ela fuma um maço, ela manda em mim, desde a hora que acordo até o primeiro suspiro de sono, ela me atormenta, ela repassa como um filme batido, meus amores mal amados, ela debocha.

Mas minha alma querida, esta na hora de termos calma, ô minha alma agüente, o fluxo é apenas um momento, não merece sofrimento, não merece esta ansiedade, êxite, por favor, não se entregue tão fácil. Não me deixe sozinha. Dê-me a mão, apenas, a vida por si só já se encarrega dos detalhes – não procure as entrelinhas, não se mova, pare, observe. O sentir é memorável, o coração voltou a bater atordoado, mas é ilusão querida – é momento. É magia sabe? Um truque de um mágico aposentado, daqueles bem batidos. Então, minha alma – descanse, relaxe e entenda, é na calma que se cresce, não na cama. São nos detalhes que compartilhamos e não na entrega. O alma, respire, estarei a seu lado, por isso apenas confie. Por mais que adolesça, por mais que amadureça, é nosso caminho. Então querida, cresça.