PEDRO e a RUIVA

Baixo Gávea

Agito da noite

Aglomeração

Burburinho

Pessoas passando pra lá, pra cá.

Na rua

Pedro e Léu discutiam sobre fidelidade feminina

Uma RUIVA passou linda

Olhou Pedro, decisiva, falou.

- Está dizendo que eu sou feia

Com um leve sorriso no rosto, Pedro rebateu.

- Bonitinha. Nunca diria o contrário. Quem é você?

Pegou a mão dela

Ela esquivou dizendo

- Odeio bonitinha

Seguiu bufando na direção do banheiro do Bar Hipódromo

Pedro e Léu riram

Voltaram a conversar descrições da fidelidade feminina

Chope após chope

Outras mulheres vieram a Pedro

Pedro não comeu ninguém

Dia seguinte

Lá estava Pedro

Batendo seu ponto no Baixo Gávea

Mesma noite carioca

Mesmo Bar Hipódromo

Conversava chope adentro com amigos

Assunto

Vaidade feminina em relação à vulgaridade

Ou seja

Julgando a vida

Opondo a ela valores pretensamente superiores

Medindo-a por eles

Impondo limites

Condenando-a como diria Nietzsche

Conversando chope a chope

Pedro saiu para dar uma volta

Encostou-se a um carro na frente do bar

Espreguiçou-se

Bocejou

Alongou-se

Eis surgir novamente

Em sua frente

A RUIVA

Toda de preto

Uma saia justa

Gostosa

Foi direta

- Sabia que você é uma gracinha

Pedro devolveu o elogio

- Você também é uma gracinha

Com a bebezura de uma ninfeta embriagada

Auge dos dezessete aninhos

A RUIVA falou sensualmente com cheiro de leite

- Eu sei que eu sou bonita. Todo mundo quer me comer. Eu só dei pra dois.

Momento

Melhor acreditar ouvindo

Pedro entrou no jogo, um sonoro.

- Pôôôôôôôô!

A RUIVA instigando-o com diretas

- Você me excita

Sorriso safado no rosto de Pedro

- É. Bom. Você também me excita.

Puxou-a pela cintura, tentando beijá-la.

Ela vira cara, esquiva-se do beijo.

Sem o sorriso no rosto, Pedro puto, gritou.

- Porra! Não tô te entendendo.

A RUIVA, fitando os olhos e a boca de Pedro, sem sair de seu abraço, explicou.

- Eu tenho namorado

Depois de um dialogo tão surreal e interessante, Pedro insistiu.

- Vamos dar uma volta. Só conversar.

Embriagadamente, ela concorda com uma condição.

- Você bebe uma cachaça comigo?

Sorriso de volta ao rosto, sabendo ter ganhado, respondeu.

- Eu não bebo cachaça. Pago para vê-la bebendo.

A RUIVA o pegou pela mão

Passou pela aglomeração

Levou-o ao balcão

Pedro comprou a cachaça, dizendo.

- Vamos nessa!

Sem outras palavras

Subiram a Rua dos Oitis

A RUIVA na frente

Seguida de perto por Pedro, olhando a marca da pequena calcinha.

Direção, um canto distante.

A essa altura, Pedro não continha a vontade de amassá-la.

Paudurescência

Encostou-se a um carro da rua escura, não completamente deserta.

Passava às vezes um casal, ou outro grupo de pessoas caminhando para pegar seus carros.

Alheio a tudo isso, Pedro a puxou pela cintura novamente.

A RUIVA deixou

Beijaram-se

Amassaram-se a valer

Entre um beijo e outro, A RUIVA coloca seu copo no teto do carro.

Frases malucas

- Quantas você já comeu?

Pedro não acreditou estar ouvindo aquilo, respondeu rindo.

- Algumas. Que diferença faz. Vem cá. Vem.

Pronto

A pequena RUIVA não se continha

Aceitava toda a bolinação

Sussurrava palavras desconexas

- Você quer me comer? Quer meter a pica na minha bucetinha? Na minha boca? Quer? Quer?

Mãos enterradas na bunda da bela RUIVA

Pedro ansiosamente grita

- Quero sim. Quero muito.

A RUIVA não parava de falar absurdos

- Você sabe que é bom. Que é gostoso.

Pedro ainda com as mãos enterradas na bunda dela, esbravejou.

- Sei de nada. Você está dizendo.

A RUIVA insistia em falar frases fora de hora

- Aposto que as mulheres vivem dizendo isso pra você

Irritado, mas ainda com as mãos enterradas na bunda dela, Pedro foi decisivo.

- Para com isso menina. Porra. Vem cá. Vem!

Não adiantou

A bela menina continuou

- Eu nunca dei o cuzinho. Só dois comeram a minha bucetinha. Você tá me deixando tesuda. Me come aqui. Vai. Me come.

Encostados no carro

Meio da rua

Não fez diferença

Pedro a virou de costas

Bruscamente

Brutamente a empurrando contra o carro

Por trás, levantou sua saia.

Chegou a calcinha pro lado

De uma só vez

Penetrou a ali mesmo

Foi então

O pior

Na penetração

A menina desfaleceu, antes do fim do ato.

Pedro não bombeou nem cinco vezes na bucetinha apertada

Apavorado

Pegou-a nos braços

Botou a em cima do capô do carro que encostados segundos antes se amassavam

Pedro bateu em sua cara para acordá-la

Nada

Impulso

Pensou "Será que ela morreu?"

Muito nervoso botou a mão em seu peito

Não sentiu o coração

Nada

Estava Pedro ali parado

Apavorado com a possível morte da pequena

Não sabia por quê

Sentia-se responsável por aquela possível morte

Neste instante

Um carro em alta velocidade entra pela rua

Pedro jogou-se na frente do carro

Seu corpo morto foi projetado pra frente

Rolou, no meio da rua.

Com o barulho da freada

Impacto

Várias pessoas vieram correndo ver o acontecido

O motorista imóvel ao volante do carro amassado, cheio de sangue.

O corpo de Pedro, morto, todo quebrado, no chão.

Pessoas horrorizadas comentando

Um zunzunzum

No capo do outro carro, a aparente morta levantou-se, pegou sua cachaça no teto e saiu andando na direção contrária alheia a toda aquela confusão.