Maquina do Tempo 4

- Ai!Ai!Ai! Fazia ele. – O que aconteceu – Porque ele não se mexe mais?

Mamãe disse que ele morreu, e ele não sabia o que fazer. Ainda não conseguia entender o que se passara. Mas, estava muito triste, o cachorrinho não se mexia mais, e isto o deixava triste.

Faz quatro anos:

Saindo para passear com o vizinho no carro velho que ele tinha, era um monte de menino: barulho, dia de festa; quando de repente o carro bate. É aquela confusão, cada um querendo ter razão, discussão, fala-se em puxar arma.

Leva-se para a perícia, vidros, muita gente ao redor, pressão, angústia, de repente aparece o meu outro existente de asas. Perguntam, quem é você? Sou eu! Eu mesmo! Onde você está? Ainda, por enquanto estou na terra, esperando o Senhor Jesus Cristo vir me pegar, estamos passando por muitas coisas, crentes sendo perseguidos, muitos já estão com o SENHOR, faltando apenas nós para sermos livres. Em que ano está? Não sei, faz muito tempo que deixei de contar. Talvez 300, 400, 500 anos, não sei. E a sua família? Todos já morreram faz muito tempo, pouco lembro deles, mas lembro, estou só esperando o dia da Nova Jerusalém em que todos nós nos tornaremos a nos encontrar, como diz a Bíblia: E aquele dia muitos serão salvos. Onde você está? Também não sei, creio que em outro país, como falo qualquer idioma, às vezes nem sei em que país estou.

Aparece o Eu existente.

É uma correria, muita gente.

- Mamãe! Só chamo por mamãe.

- Estou aqui!

- Aqui onde?

-Venha meu filhinho.

De repente apaga-se tudo. Graças a Deus estou dormindo.

Nasce uma outra irmã.

- Que coisa linda!

- Como é o nome dela?

- Rawlla.

Vem cá Rawlla para o braço do irmãozinho. Ela vai crescendo. Olhos azuis. Linda. Gordinha, perninhas grossinhas, bem rechouchudinha. Cabelos negros, lisos, cortados de franjinha. Linda.

- Rawlla você é linda!

- Ah!Ah!Ah!

- Me dá um beijo.

- Chuac!

Lá vai ela pra escola, de lancheirinha, sainha bem bonitinha, olhinhos brilhando. Linda.

Faz seis anos.

Continuamos crescendo, nasce uma outra irmãzinha:

Rochany.

Linda, cabelos loiros, olhos castanhos escuros, tênues e ao mesmo tempo vivos que dava medo de tanta vivacidade. Teve problemas ao nascer quase que morria, meses no hospital, angústia, temor, mas não era hora dela nos deixar. Brincamos muito com ela com a curiosidade de crianças e perguntando coisas.

- Por que ela é tão pequena?

- Por que não abre os olhos?

- É tão linda.

- Tão frágil.

Continuamos morando em Campina e sempre junto um do outro, indo para e escola. Lembro de uma foto que tiramos: Eu, meu irmão, minha irmã, minha mãe e a caçula. Nunca gostei de tirar fotos, foi um auê para que eu tirasse aquela foto, mas até hoje esta foto ainda está comigo.

Passa-se um ano e estou brincando com meus amigos quando a vizinha, menininha com seus 12 anos e eu com meus sete anos, ela me chama para se divertir com ela, eu sem entender queria saber daquela diversão, ela dizendo que era uma brincadeira muito boa, e fomos lá.

Ela tira minha roupa atrás do muro, - eu ainda sem entender que brincadeira era aquela – ela tira toda sua roupa e pede para beijá-la, não sabia nem beijar, ela me explicando aos poucos o que deveria ser feito, fomos nos beijando, ela dizia – Pega aqui, pega ali, deixa eu pegar em você também, essa diversão durou muito tempo, foi nesse tempo que nos mudamos para outra casa em outro bairro. Nossa despedida foi imoral; ela dizendo que me amava, que queria casar comigo, e começa a estirar o dedo, com raiva porque eu iria deixá-la. Então, faço a mesma coisa e estico o dedo pra ela e digo: Tchau puta, até a próxima, quem sabe um dia a gente se encontra.

Mudamo-nos para outra casa um bairro melhor, quase no centro da cidade, uma casa velha, mas aconchegante, com três quartos, uma sala, cozinha, wc e um grande quintal, daí conheci Neca e Dinha, dois irmãos que nos divertiam muito, um dia brincando com Dinha quase cheguei a furar o olho dele, com um pedaço de vara que joguei e pegou perto do olho, num salto só ele pulou o muro e saiu correndo pra sua casa, logo fui me esconder debaixo da cama e mamãe perguntando o que tinha acontecido, onde eu só sabia dizer: - Dinha, furei o olho dele, - Dinha. Mamãe foi lá saber e verificou que não tinha furado o olho. Dinha tinha brincadeiras estranhas, um dia ele chegou lá em casa e eu estava no banheiro fazendo cocô, ele disse: - Deixa eu te limpar, eu disse: Não , ele insistia, querendo colocar a pinta dentro do meu tuiuiu, e eu não deixava, contei pra mamãe e foi aquele auê.

A mãe de Dinha deu-lhe uma surra e nunca mais ele quis saber dessa brincadeira. Graças a Deus!

Lembro também de Neca. Um dia eu estava na casa dela, e a vi fazendo xixi, nunca tinha visto, curiosidade, achando bonito, ela já era meio crescida, já tinha seios, achei aquilo interessante, mas quando vi sai correndo sem saber o que fazer.

Vocês devem estar se perguntando: E a máquina do tempo, a máquina do tempo é também nossa passagem por esta vida, pois vivemos, e haja tempo de vida.

Mudamos-nos novamente.

Novos amigos, nova casa, graças a Deus que essa era própria, nos nossos planos seria a casa de toda nossa vida.

Brincávamos de muitas coisas, fazíamos carros de lata, onde se tinha até carteira de motorista. Lembro bem que brincávamos muito de pião. Rostand um dia estava brincando de boi – pois o boi era uma roda escrita no chão, quem caísse dentro deixaria seu pião. Se outra pessoa conseguisse tirá-lo levaria o pião para si -, e tinha também que se o pião batesse numa pessoa, essa pessoa seria dona do pião: foi nessa que a história começa:

Estávamos lá, alguns piões dentro do boi e era a vez de Rostand jogar – tínhamos um amigo que não tinha pião, e ficava perto do boi para ver se o pião batia nele e ele tomava conta. Foi quando Rostand jogou o pião, ele bateu diretamente na testa do nosso amigo. Olhem foi um Deus nos acuda, era pirralho para tudo quanto era lado correndo e se escondendo com medo dizendo que ele tinha morrido, na verdade ele tinha desmaiado. Mas não fica só aí, depois que estávamos em casa escondidos, ele chega discutindo com nossa mãe, sangrando, mamãe querendo colocar remédio. E ele dizendo: - Quero o pião, - Quero o pião, - QUERO o pião. Findando mamãe não deu o pião e também não colocou remédio e o mandou para casa.

Mudamos-nos, desta vez de uma cidade para outra, por motivo de trabalho nosso pai teve que se mudar, fomos juntos, cidade do litoral, bonita, muito verde, hospitaleira.

Foi aí que comecei a namorar uma menina de dez anos, e eu tinha onze anos, andávamos muitos juntos, ela era linda: cabelos encaracolados, perninhas grossas, olhos negros, boquinha igual uma flor a desabrochar querendo meus beijos. Foi maravilhoso, pena que começou daí o meu depressivo modo de viver – De vez em quando encucava coisas e foi nesse tempo que passei seis meses sem sair de casa, meu pai teve que se mudar, para ver se eu modificava o meu modo de vida.

Mudamos-nos, perto da casa de um amigo da escola, foi bom, me recuperei. Sim! Nunca mais tive noticias da minha namoradinha de infância, mas foi um tempo bom afora as minhas depressões e criações de casos.