MINHA HISTÓRIA (capítulo XIII)

A mãe, no momento, não tinha condições de saber de nada do que havia acontecido porque sua saúde estava extremamente debilitada. Cinco dias após essa passagem ela conseguiu voltar para casa e por recomendação médica precisava ficar em repouso absoluto.

Minhas irmãs, que haviam ficado responsáveis pela casa, se chamavam Maria Gorete e Ana Beatriz. Tinham dezoito e dezessete anos respectivamente. As duas iniciaram um projeto de vendas de produtos de beleza na favela, pois um dinheirinho a mais em casa era sempre bem vindo. A outra irmã, Amélia já estava morando com o Gérson, seu namorado.Ela estava grávida.

Gérson dizia ser filho de um empresário no ramo de material de construção. Ele comprou um barraco próximo ao nosso que mandou demolir e construir uma casa de alvenaria muito boa apesar de pequena. Mobiliaram com tudo de melhor que havia no mercado. Até eu me dei bem, pois Amélia me presenteou com tênis e várias bermudas e camisetas. Passei a andar “moderninho”. Tentei obter um emprego, mas não consegui porque era analfabeto. Entrei na Associação de Moradores para um curso de alfabetização.

Zé do Bode e Laércio estavam sempre nas manchetes dos jornais e a polícia estava constantemente rondando a minha casa à procura dos mesmos. Nessas ocasiões eles interrogavam minha mãe e minhas irmãs aterrorizando-as. A mãe ficava cada vez mais doente com essas torturas psicológicas a ponto de ser levada ao hospital todas às vezes em que era abordada.

(continua)

Di Assis
Enviado por Di Assis em 23/07/2010
Código do texto: T2395004
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