O Fotógrafo - ((Pre)conceito)
Manhã ensolarada, um belo dia para fotografar. Andando em meio à natureza, me deparo com o amor, casal de namorados, que em gestos de carinho e afeto dão vida a sentimentos que parecem contagiar o ambiente. Moça linda, de pele morena e cabelos negros e encaracolados, olhos na cor mel que refletem o teu amor. Rapaz alto, de pele clara e cabelos lisos e bagunçados, onde num gesto, teus lábios se tocam intensificando o sentimento. Em meio ao som do canto de um bem-te-vi, a lente os observa captando e guardando cada momento, cada toque, cada olhar onde em cada imagem, enfatizam o prazer de um algo grande, puro e verdadeiro.
Logo o canto do bem-te-vi se silencia e o pássaro voa em meio a um ato criminoso, o amor então da espaço a ignorância de um homem sem escrúpulos, mostrando sua indignação e insatisfação sobre a união do casal. A lente o observa e já sem inspiração alguma se fecha e se nega a gravar tal momento, o ato logo é repreendido e assim, numa imagem, mãos entrelaçadas, algemado o preconceito. Em meio à praça, uma realidade que ainda vive entre nós, na mente do preconceito, a ignorância e a conveniência do homem ainda incapaz de aceitar aquilo o que ainda acredita ser diferente, onde não aceitando o próximo, acaba sem perceber não aceitando a si próprio.
Na outra imagem, pele clara e pele morena se entrelaçam num só gesto, de mãos dadas o amor que une as diferenças imperceptíveis sobre a lente, que apesar de sua capacidade em dar vidas às cores, capta a real essência de um sentimento que devemos levar para sempre em nossas vidas.