REFORMAS...? NUNCA MAIS
Hoje nada está bem para mim... Estou mesmo é fula da vida...
Sempre fui e sou uma pessoa muito otimista e sempre de bem com a vida, por pior e por maior que sejam meus problemas...
Mas no momento extrapolou....
Tenho vontade de mandar o mundo inteiro pra... Não, o mundo não tem culpa dos meus problemas... Somente eu.
Inventei de reformar minha casa... Daí já se imagina do que estou falando...
Para começar quero derrubar uma parede e abrir mais a sala... Um vem e diz que é possível... Outro vira e diz que imagina isso aqui não aguenta, vai cair.
E pessoal capacitado, então... Capacitado?? Tão leigo quanto eu em uma reforma.
Aí um espertinho vem e me diz, contrata uma empresa.... Sim e você paga, né.
Ah! Vá plantar batatas no asfalto.
Estou fazendo isso, a reforma, porque a casa assim exige, necessita... E merece. Mas grana que é bom é muito pouca.
Resolvi então, que eu vou fazer... Vou por a mão na massa.
Rapaz!!! O que fui inventar! Como em sã consciência achei que poderia dar cabo dessa empreitada.
Sempre que sou desafiada a fazer algo que não é do meu conhecimento, digo: Eu sou forte, poderosa e feliz... Empino o nariz e vamos em frente. Sempre deu certo. Mas agora...
Faço tanta coisa que muito homem aí não faz... Até delinquentes armados já enfrentei... (nem pensar que eu seja machona), sou muito feminina por sinal.
Mas vamos lá... resolvi que eu mesma ia fazer o corredor lateral da casa, começaria pelo menor problema .
Precisava... estava muito feio. Fui então colhendo explicações aqui, ali, acolá e pronto.
Estou formada em fazer um piso. Comecei por transportar as pedras e areia para o dito quintal... Já aí começou minhas presepadas... Colocar com a pá no carrinho e levar até o local... Coisa pouca.
Faço de olhos fechados... Sem contar com os tombos, as viradas do carrinho, o suor correndo pelo corpo (36 graus); aiii! quebrei uma unha! Consegui três viagens do carrinho entre pedras e areia. Pelo menos um metro de contra piso eu vou deixar pronto.
Agora misturar o cimento. Disseram-me 3/1 e misturar bem. Até aí joia. Faço bolos, massas, pão muito bem então não serão problemas. Mas bater um bolo e misturar uma massa com uma pá enorme, sem jeito de pegar, cuidando das minhas unhas, vai uma grande diferença. Mas misturei... e aí...parece meio mole...será que era 3 por um???
Chamo o vizinho e ele me esclarece. Ok então vai consertar.
Depois de muitos vai e vem, joelho machucado, mãos de fada que viraram mãos de ogro, fiz mais ou menos um metro e meio de contra piso. Agora é esperar e ver no que resultou.
Incorporo agora a eletricista... perigo a vista... isso eu percebi depois...e minha carreira como tal foi muito curta. Mexi num fio que não devia, levei um tremendo choque que não queria, sem contar que meus cabelos eletrizados se arrepiaram que até a mim assustou: parecia uma bruxa ou uma louca cabeluda.
Voltei ao contra piso... Oh meu Deus, a cachorrinha atolou no cimento... marcou tudo. Tenho que refazer e ainda dar banho nessa xereta!
Calma! Respire fundo, que isso só está provando sua capacidade de lidar e contornar com os percalços no seu caminho.
Refiz o que foi danificado, cerquei e agora é só esperar.
No dia seguinte, após uma noite mal dormida, apesar dos analgésicos, lá vou eu conferir e comemorar minha obra prima. Sequinha, lisinha... Prontinha.
Já me sentia bem melhor para, no mínimo, mais um metro e meio. E lá fui eu, com carrinho em punho encher de mais pedras, areia e nova massa... Agora foi mais fácil.
Fiz mais dois metros de contra piso, tudo perfeito, já melhor que o primeiro; então é só secar.
No mesmo instante que pensei feliz: consegui... estava de costa para minha obra quando levantei o pé e perdendo o equilíbrio... Caí e me afundei no cimento.
Deitada, ali como um piso humano, às lagrimas caíram e o choro veio forte.
Os impropérios que saíram de minha boca, descontroladamente, são proibidos para menores de 60 anos.
Após o desabafo merecido, levantei com grande dificuldade e me pus a corrigir tudo. Acabei tomando um banho de mangueira... deliciosamente gelado , no meio do meu quintal... Mas bem longe da minha obra.
Agora, sentada em minha sala, bebericando um suco de mangaba; geladíssimo... entendo porque o pessoal que trabalha com isso é tão arredio, muitos não cumprem prazo, marcam e não aparecem... outros trabalham já manguaçados.
Estou decepcionada e muito brava comigo mesmo. Pela primeira vez, em toda minha vida,
sinto- me uma imbecil, incapacitada diante de uma tarefa.
Olho para meu painel de fotos e não acredito que seja eu naquelas fotos submarinas, no ultraleve, e em todas aquelas de esportes radicais, situações inóspitas que me vejo e a sorrir como se fossem brincadeiras de criança.
Ainda bem que ninguém fotografou meu fracasso.... Melhor assim.
Conclusão: vou chamar uma firma especializada. E vou para casa de alguém até que a reforma termine.
Mas estou de mal com a vida, hoje pelo menos.