Você sabe onde encontro a chave?

Sumi, estou no meio do meu tempo. É que eu mesma não acho a chave de mim. Escondi-a tão bem para não achá-la, que hoje me dei conta que a perdi. Ando confusa, contraditória. Olho o espelho e me vejo sem reflexo, e ecoa dentro de mim, a paranóia do ser, do quem sou, do que quero. Epifanias a parte, se eu pudesse voltar há ontem com a mente de hoje, queria que hoje fosse amanhã. Por saber que faria tudo novamente.

Sim, mesmo magoada – acabada, com o coração partido eu teria tentado. Masoquista, teimosa, pode ser. Perdida, a falta do mais do mesmo ainda me sufoca. Este medo de sentir medo, este medo da solidão, este medo que me paralisa e me faz chorar em pleno domingo. Por causa deste medo, que eu perdi a chave. Para que não enxergar a pura verdade. Sim, hoje aceito nós não daríamos certo. Mas eu precisava acreditar que sim. Realidades destorcidas, apenas para sufocar o medo. E esquecê-lo. Fiz com você o mesmo caminho que os que lhe antecederam, me joguei de cabeça, para esquecer, mesmo que durante alguns minutos, que a dor e a angústia que habitam há tanto tempo o meu peito. E hoje admito você me avisou, que era para ser exagerado e curto - gritou e eu tapei os ouvidos com medo de abrir os olhos e ver que... era verdade.

A verdade ou da verdade, este com você sempre foi meu verdadeiro medo.