Na estrada
Não, claro que não. Não quero deixar pra depois, quero logo ver novamente aquele pôr do sol rosa. Lembrança dos últimos anos - sabe, aquela nostalgia que nos acompanhou nos vinte anos, ela está de volta, sabe amiga... E ainda mais hoje que ganhei um belo presente, aquela edição que sempre sonhei autografada. E vou terminar a noite abraçada a ela, como se esta tivesse sido a mim dedicada.
Então é isso minha querida, queres dividir novidades? Não, ainda não conte - os segredos contados na estrada são mais profundos. Não sei se pela vista ou pelo cheiro de mato, eles ganham graça – leveza e quem sabe nos trazem as respostas.
Não te contei, sábado ganhei um passe do marujo, desde lá meu coração tomou decisões, risos, você conhece este coração, ele é meio medroso, sabe? E nem a força das marés conseguiu segurá-lo. É amiga, eu sei, já devia ter aprendido a ouvir conselhos, mais isso é prosa para outra hora.
O que coloquei na mala? O baralho, um casaco grosso e meu novo cobertor azul, biquíni e toalhas, precisa de mais, umas roupas e meu novo e mais lindo livro. Mas espera – esqueci alguma coisa... Bom, alguma hora eu lembro.
Sabe o que é pior na véspera de um feriado? Não ter nada para fazer, hoje é o dia que eu mais precisava de trabalho, para ocupar a cabeça que vai a devaneios margeando as mais lúcidas decisões. Vinho esqueci-me de comprar vinho, aimeudeus, o vinho... risos. Então amiga, até mais tarde, que a estrada nos acolha - que a vida ande livre e que a chuva pare.