Hemid Grow no corredor da morte - Trecho 3

John Gasper- Por que o senhor fez tantos filmes sobre a Segunda Guerra, o que há de especial nesse tema, qual a relação que estabelece entre tantas guerras e o povo desse país, o que tem essa relação a ver com o cinema?

Hemid Grow- Nós americanos, até mesmo eu, de uma terceira geração somos como os antigos Espartanos, quando nascemos já somos preparados para a guerra, é de nossa mentalidade doentia, o americano em si é um maluco homicida que só pensa em guerra, um soldado kamikaze, aqui tudo é uma batalha desde os jogos da NBA até a corrida à Casa Branca.

HÁ 5 ANOS ATRÁS

Por detrás das lentes tudo parece ser novo, tudo se rejuvenesce por si mesmo, é essa a impressão que Hemid tem, os movimentos dos atores, precisamente estudados, em todos os detalhes, as palavras esculpidas à mão, escavadas das antigas chagas dos sobreviventes da Segunda Guerra, espalham-se pelo ar, o texto enche de vida as imagens capitadas pelas câmeras, Hemid sorri seu sorriso branco, límpido, feliz, acende um cigarro e estuda a seqüência seguinte. Fumar lhe causa o mesmo prazer que comer um hambúrguer lhe causava aos quinze anos, satisfação, saciedade, paz, a fumaça entrando, saindo, ventilando o pulmão. Olha para os atores, se pergunta, entre uma tragada e outra, o que se passa pela cabeça de cada um deles.

Não sabe, nem mesmo, exatamente, o que lhe passa pela própria cabeça, além do desejo de ver o filme pronto, seu pai esteve na guerra, dois de seus tios morreram ali, lutando por coisas em que não acreditavam totalmente, capricho simples da existência, morrer em vão é a principal conseqüência de se viver sem razão, pensa entre um trago e outro. Os figurinistas e cenógrafos preparam os atores para a próxima seqüência, Hemid apenas fuma, só e em silêncio.

Seus pensamento se movem para além das sombras da película, sua memória se crava no sorriso de Sabrina Kilson, a atriz de Sex and Fire, seus olhos amendoados, lábios tenros, quadris simétricos, seios avantajados e firmes, sua presença real mais bela que na película, nenhuma câmera seria capaz de lhe captar a verdadeira essência, nem mesma a sua própria lente treinada, divaga Hemid vendo a fumaça se desmanchar.

Milena ensaboa o corpo devagar, acaricia os seios, os mamilos escuros estão entumecidos pela caricia suave da mão ensaboada, a água morna cai sobre seu corpo, o perfume do sabonete líquido se espalha, a fumaça embaça o espelho. Ela está atrasada para a primeira aula, mas não tem pressa de tomar banho, nunca tem, é um ritual sagrado para ela, lava os seios voluntariosamente, sente um calor estranho, porém agradavel, lhe percorrer todo o corpo.

Ouve o volume da TV ligada na sala, sempre ligada, a mãe vive pressa em seu mundinho colorido da TV paga, das séries enlatadas, ela não gosta, gosta de noticiarios, por isso será jornalista. Se enrola na toalha se se direje para o quarto, poem a calcinha, o jeans e a camiseta branca.

continua.....

Odair J Alves
Enviado por Odair J Alves em 18/07/2010
Código do texto: T2384929
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