Um passo de dança

Ela não conseguia compreender o ato de dançar junto. Já que entre muitas qualidades nunca achou que soubesse dançar muito bem. Por mais sexy que se sentisse, por mais homens que conhecesse, por mais que chamasse atenção. Nunca sabia explicar se era o embalo ou o despreparo, que a fizesse muitas vezes perder o ritmo ao dançar acompanhada.

Por algumas vezes se sentia tão perdida que as melodias eram embaladas por um descompasso totalmente disritmado. Dançar acompanhada, embalada era quase impossível, ela se perdia num disritmo tão acelerado, que preferia a solidão ao descompasso, por mais que amargura-se em silêncio quando, admirava encantada a harmonia entre os casais que cujos corpos se entendiam harmoniosamente, ao som de alguma melodia. Era uma relação quase que sexual, o livre despreparo dos corpos encaixados, dos rompantes indecorosos, entre os suores ritmados, qualificados, hormonizados.

Um belo dia, esquecida já de sua incapacidade, se entregou a delirio em outras trilhas sonoras. Aos poucos ela havia se modificado, não importava-se mais se não possuía o balanço perfeito, os passos ajustados, se dançava solta e feliz, era comprido o seu objetivo. Por mais pares que tivesse encontrado, e passos a ela ensinado, ela descobriu que tropeçava porque lhe faltava alguém que a guiasse, em quem pudesse realmente confiar para se deixar levar. Agora, rodopia feliz porque tornou-se leve e acredita nos passos que dá. O verdadeiro cavalheiro sabe mesmo como conduzir uma Dama.