É terça-feira e chove

Hoje o sol tomou o lugar da chuva, não que o frio tenha acabado. Ventava tanto que todo meu corpo ainda pela manhã implorava mais alguns minutos com minha manta azul... Em trilhas de Chico Buarque “há quanto tempo desejo seu beijo molhado de maracujá; tou me guardando para quando o carnaval chegar”, caminho mais uma vez pela rua florida, agradecendo por amanhã ser feriado, pelas poucas horas de sono, e de uma festa que não era para ser nada e foi tudo.

Caminhos sem bússola nos evocam uma vida assim, a pista lotada, amigos reunidos, compartilhando a loucura de uma festa, “I wanna rock with you; Dance you into day ; I wanna rock with you ; Rock the night away”. E a noite voou, em permeios, conversas fúteis, e um certo ar de nostálgico de despedida por algo que não era para ser. As bebidas esquentavam os corpos, amigos entrelaçados dançavam o momento. E na madrugada fria da noite nos éramos amados. Em casa na varanda, fumei o último cigarro, já amanhecia e eu sorri – olhava o movimento da rua, tinha ainda duas horas de sono e era preciso coragem, para tomar banho e fazer a cotidiana rotina da vida acontecer mais uma vez. E quando a cama chama: vertigem - o coração bate - lembranças - a vida sempre acha uma maneira de mostrar o quanto pode ser boa, apesar de tudo. Um sorriso, um pesar. Uma boa noite, às vezes se faz essencial.