MINHA HISTÓRIA (capítulo III)

Na localidade onde morávamos, não muito distante da casa tinha o rio Tietê. Longe da cidade de São Paulo, por volta dos anos cinquenta, o rio era muito limpo e havia muitos

peixes. Eu e meus dois irmãos, que tinham catorze e quinze anos respectivamente, íamos pescar para ter o que comer durante aquela fatídica semana. Sempre pescávamos alguns peixes o que era muito bom. Na pequena cidade tinha um moinho que moía o milho dos sitiantes locais fazendo fubá. Era do senhor Jerônimo, pessoa muito bondosa. Quando tínhamos milho no sítio era assim: levávamos até ao moinho uma saca com sessenta quilos de milho. Ele moía e nos retornava com trinta quilos de fubá.

Porém, havia épocas, como esta que não tinha nada para moer. O senhor Jerônimo deixáva-nos limpar as moendas e aquele fubá que estava fora ou no chão podíamos levar para casa. Ele nos mandava passar pelo sítio dele e cedia alguns litros de leite pois

ele era também um pecuarista. Chegando em casa, a mãe fazia polenta, fervia o leite, fritava os peixinhos e essa era a nossa refeição do dia que tinha que ser consumida imediatamente pois não havia geladeira na casa. Meus irmãos, que gostavam de beber,

foram trabalhar no corte de cana em uma fazenda que ficava a 100 km longe de onde morávamos. Assim eles não mais acompanhariam meu pai, aos sábados, nas bebedeiras semanais e além disso poderiam trazer dinheiro para casa. Minha mãe ficou muito contente e nós que nada sabíamos também festejamos.

(continua)

Di Assis
Enviado por Di Assis em 09/07/2010
Código do texto: T2368210
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