Equus caballus

Dei com ela na livraria, cada um em sua fila do caixa. Lembrou-me uma cavaleira: as calças justas, em tom bege, com aquele recorte nos fundos típico das roupas de montaria, as botas pretas lustras apropriadas para a cavalgada, sem ostentar, contudo, os esporões, camisa azul índigo, igualmente justa, realçando o peito altivo, com a palavra “cavallus” bordada em branco na manga curta. Os óculos de sol trazidos no alto da cabeça, sugeriam as viseiras do animal. Cabelos pretos longos e brilhantes, amarrados em rabo-de-cavalo com um laço preto na nuca batiam na cintura e conferiam-lhe uma imponente feição equina! Enquanto aguardava o passo lento da fila, seus olhos, agora auxiliados por pequenos óculos de leitura apoiados na ponta do nariz, vasculhavam o livro a ser adquirido. Mas a sua parecença cavalar foi mesmo denunciada pelo olho redondo e negro que, em breve distanciamento da leitura, e por cima da armação óptica, girou para a direita em minha direção: um olhar fogoso e ao mesmo tempo triste, como somente os cavalos possuem. Uma mulher-cavalo.