" O cachecol azul "
– Tiiimmm!
O som delicado do elevador anunciando a descida de alguém ecoou pelo saguão vazio do grande prédio empresarial .
– Boa noite, Dona Alice! Fazendo hora extra novamente? Perguntou o porteiro de sorriso frouxo.
– Já pedi, Sr.Martins, pare com esse negócio de Dona, eu tenho idade pra ser sua filha! Brincou a menina com o homenzarrão. Sr. Martins já trabalhava no prédio há anos. Negro alto, forte, lábios grossos e voz rouca, era pura simpatia.
– Fazer o que não é Sr.Martins! Desabafou a menina debruçando no balcão gelado de mármore. – Mas sabe que eu até gosto? Apoiou o queixo nas mãos, como que se preparando para iniciar uma longa conversa.
– Não tenho ninguém me esperando em casa!?! A não ser a Geléia, minha gatinha, mas, ela se vira bem...é duro ficar naquele apartamento sozinha, sem ter com quem conversar,...pelo menos aqui eu me distraio, enfio a cara no trabalho e esqueço a solidão...ai, ai...Suspirou a menina entre um sorriso maroto.
– Você poderia arrumar um namorado?!? Quem sabe no futuro casar e ter filhos? Assim sua vida não seria tão solitária.
– Aham. Respondeu a menina sem ânimo.– Já pensei nisso, mas, não dá certo pra mim, sabe, tem pessoas que nasceram pra ser sozinhas, acredito. E sorriu decepcionada.
– Ninguém nasceu pra ser sozinha, Alice,...pode ter certeza minha querida. Respondeu o homenzarrão de um jeito carinhoso e com a experiência que os anos lhe renderam. Pairou um silêncio no ar.
– Já sei!
– Sabe o que, Dona Alice? Espantou-se o porteiro.
– O Senhor deve estar com fome, não? Antes que ele pudesse responder ela soltou:
– Vou buscar uns bolinhos e um capuccino pra nós no café ali na esquina! E saiu em disparada sem se importar com a negativa do homem.
Voltou depois de alguns minutos com as mãos abarrotadas.
– Aqui! Despejou os copos e o saquinho com os bolinhos sobre o balcão.
– Dona Alice! Sabe que eu não posso comer no horário de trabalho.
– Deixa disso Sr. Martins, o prédio está vazio, não tem ninguém aqui! Ele apontou para as câmeras de segurança. – Ah! Para com isso! Depois eu digo que a culpa foi minha. – Vamos comer, veja! O capuccino está quentinho e com esse friozinho! Hummm! E abraçou a si mesma sorrindo.
– Esse bolinho tem um açúcar em volta que é uma delícia! Parece geladinha! Brincou a menina com a boca toda lambuzada, o homem sorriu satisfeito entre uma golada e outra.
Conversaram por horas, quando ela se deu conta já passavam das dez.
– Puxa! Preciso ir, Sr.Martins! Pegar o trem ainda!
– Meu Deus, Alice! Não tem medo de andar sozinha a essa hora?
– Fazer o quê? Tenho que ir! E saiu apressada ajeitando a saia do terninho preto que ficou salpicada com o açúcar do bolinho.
Entrou na estação esbaforida, tamanha a pressa de chegar a tempo de pegar o último trem. A iluminação era precária, bem como os bancos e o piso, ventava gelado, olhou em volta assustada apertando a gola do casaco tentando espantar o frio, de longe pode reconhecer a figura de um rapaz encolhido num dos bancos da velha estação, vez em quando ele soprava as mãos no intuito de esquentá-las. Parecia bem vestido, usava um sobretudo preto e no pescoço um belo cachecol azul. Fitou-o por alguns instantes.
Notando a presença da menina ele olhou em sua direção, o que ela disfarçou de imediato. Chutou uma pedrinha para dentro dos trilhos que caiu tilintando. Praguejou por causa do barulho chamando a atenção do moço, que sorriu tímido assistindo a cena.
– Vai pra onde? Gritou ele ainda sentado no banco. A menina pensou em não responder, mas não se conteve e disse um tanto receosa:
– É... vou para o Parque das almas...E arriscou: – E você?
– Vou pra onde o vento me levar...
– Hein? Perguntou a menina sem entender muita coisa.
Levantou-se e caminhou na direção dela sem ânimo, ela deu um passo para trás, mas ficou ali, imóvel, parecia congelada pelo frio com o olhar estatelado. Ele chegou perto, levantou um feixe de flores já um tanto desalinhadas e sorriu irônico, abaixando-o logo em seguida.
– Eu disse que estou sem rumo... viu isso? E apontou as flores. – Eram para minha noiva... ela acabou de me deixar... daí eu vim pra cá pensar na vida.
A menina continuou imóvel, sem reação, não sabia o que dizer, nem como agir.
– Eu... eu sinto muito... me desculpe, mas, não sei o que dizer, sou péssima nessas coisas, e sorriu sem graça.
– Não, normal, não quero ser consolado, só quero esquecer... E suspirou desolado.
– Se quiser conversar, bater papo, sabe, jogar conversa fora, isso ajuda. E sorriu corando, o que ele retribuiu.
– Seria uma boa idéia. Respondeu cabisbaixo cutucando o chão com o bico do sapato.
– Então decida rápido porque meu trem já vem chegando e eu não posso perder!
– Tudo bem! Disse já mais animado sendo engolido pelo vento do vagão que passou rapidamente.
Subiram no trem, risonhos, mas ainda encabulados.
– Ali! Um lugar,vamos! E apontou o assento.
Aconchegaram-se na poltrona velha e engataram uma longa conversa.
– Você disse que vai para o Parque das almas?
– Sim, tenho um apartamento lá, é bem pequeno, mas, só pra mim e minha gata, está de bom tamanho.
– Gosta de chocolates? Perguntou ele.
– Humm...amo!
– Então vamos comer este! E sorriu enquanto desembrulhava a caixa enfeitada que era presente para a ex-noiva.
Entupiram-se de chocolate até não poder mais, foi quando ela bocejou anunciando o cansaço que teimava em apossar-se de seu corpo.
– Puxa! Que sono! Debochou ele.
– Estou cansada, o dia foi longo hoje. E sorriu marota. Entreolharam-se por um segundo e ela sentiu um arrepio leve, seus olhos claros pareciam penetrar na alma e a boca vermelha era convidativa.
Ela disfarçou e ambos ficaram sem graça.
– Quer se deitar aqui? Perguntou um tanto sem jeito mostrando o ombro. Antes que ela pudesse responder ele a puxou para seus braços aconchegando sua cabeça pequena no peito, o que ela consentiu, sentindo o sangue fervilhar.
– Feche os olhos! Ela olhou receosa. – Vai, confia em mim...eu te chamo quando a gente chegar...
Sua voz rouca entrou suave pelos seus ouvidos como um suspiro distante e ela adormeceu, tranqüila e serena.
* * *
- Trimmmmmmmmm!!!!!
– Gritou sem piedade o despertador ao lado do criado mudo. Ela acordou num pulo, olhou em volta, reconheceu o lugar, estava no seu quarto, a gatinha pulou para cima da cama e acariciou seus pés.
Consultou o relógio, ainda restava tempo, ficou imóvel na cama tentando entender o que acontecera a noite passada.
– Será que foi um sonho, Geléia? Não é possível...me lembro perfeitamente da nossa conversa, dos chocolates...puxa..Nem sei o nome dele...aiiii....droga!!! Praguejou enfiando a cabeça no travesseiro.
* * *
– Ô Alice? Tá no país das maravilhas, querida? Acorda! Brincou a amiga no trabalho trazendo uma caneca de café fumegante que colocou gentilmente em cima da mesa.
– Ai Sofia...nem me fale!...estou atordoada.
– Que foi amiga, me conta?
– Foi um sonho que eu tive...sei lá se foi sonho...vou te contar...E debulhou o ocorrido para a amiga.
– Menina!! Que coisa essa que você está me falando?!? Está apaixonada por um cara que conheceu nos seus sonhos? Só você mesmo, Alice. E riu-se toda.
– Pára! É sério, tô mal. E fez bico com jeito de quem ia chorar.
O dia passou depressa, havia muito trabalho a fazer, o que a fez esquecer por um momento do que acontecera à noite passada.
– Puxa Vida! A hora! Tenho que ir senão vou perder o trem! Sua voz ecoou pelo escritório vazio, olhou em volta com tristeza lembrando que não havia ninguém esperando por ela. Suspirou.
– Tchau, Sr.Martins!! Hoje não posso parar pra conversar estou atrasada! E saiu correndo, sorrindo para o porteiro que balançou cabeça diante do desespero da menina.
– Alice, Alice...resmungou o velho senhor com carinho, enquanto a via sumir na escuridão.
A estação estava vazia, o vento cortava, entristeceu-se por lembrar da noite passada.
O trem chegou depressa e ela embarcou. Sentou-se no mesmo banco de outrora e estava a pegar no sono quando sentiu uma mão acariciando seu ombro, olhou assustada, era ele, sim, não podia esquecer-se daqueles olhos claros fazendo par perfeito com o lindo cachecol azul que envolvia gentilmente seu pescoço.
– Posso me sentar do seu lado moça?
– Claro! Sorriu e corou.
– Aconchegou-se mais perto dessa vez.
– Senti sua falta, disse ele baixinho...
– Eu também...senti falta dos chocolates! E riu-se toda.
– Ah! Então é assim não é? Respondeu irônico. – Pelo menos sei que você gosta de chocolates.
¬– E esse livro aí? O que é? Perguntou ela apontando para o bolso do casaco.
– É um livro de mão...é uma coletânea de poesias.
– Ah! Um intelectual?
Ele riu.
– Não, só um apreciador da boa leitura...
– Veja esse trecho de Edgar Allan Poe, por exemplo: “ Os que sonham de dia têm conhecimento de muitas coisas que escapam aos que sonham de noite”.
– Que lindo isso! Você acredita em sonhos? Acredita que eles se tornam realidade?
– Não só acredito como estou vivendo um...Ela corou e tentou mudar de assunto mas ele chegou mais perto, ela sentiu sua respiração ofegante e seu perfume suave era inebriante. Sem conseguir mais se conter entregou-se ao seu beijo, fechou os olhos e sonhou...
* * *
– Trimmmmm!!!! Esgoelou o despertador que foi violentamente arremessado na parede.
– Ah não! Isso não pode estar acontecendo! Deve ser brincadeira! Esfregou o rosto com as mãos deslizando-as pelo cabelo grosso e espetado.
Lavou-se rapidamente, enfiou-se num casaco pesado, enrolou o cachecol azul no pescoço e saiu apressado.
– Bom dia cara! Cumprimentou o colega no trabalho. – Que mau humor hein?
– Nem me fala, tô péssimo!
– Sei, sei...sua noiva te deixou, blá blá blá...
– Nada disso, é outra coisa.
– Outra? Já?
– Não é isso que você está pensando não cara, só pensa besteira!
– Pô, desculpa aí...mas é que faz dias que você tá aí todo esquisitão, não faz barba, só fica lendo pelos cantos, sonhando acordado, parece coisa de quem tá na fossa,...bom, na fossa você tá né?
Arremessou um livro na direção do amigo que desviou rapidamente e saiu debochando.
– Quer ajuda Dr.Rodrigo? Perguntou Dona Júlia, uma senhora de meia idade muito gentil e inteligente, funcionária antiga, cuidava da livraria com muito esmero, como se fosse sua.
– Sabe alguma coisa sobre sonhos Dona Júlia?
– Hum...sei muitas coisas, mas o que o senhor quer saber especificamente?
– Ah..nada... deixa pra lá, acho que estou ficando louco. E enterrou o rosto nas mãos.
– Puxa Dr.Rodrigo nunca vi o senhor assim, nem quando aconteceu aquela coisa chata com sua noiva o senhor ficou desse jeito...quer conversar?
– Ah..Dona Júlia! Nem sei mais,...acontece que faz um tempo venho tendo uns sonhos estranhos...e contou-lhe o ocorrido.
– Hum pelo que ouvi dizer por aí, os sonhos são lembranças das coisas que nós vimos durante o dia...tem certeza de que nunca viu essa garota antes?
– Eu me lembraria...
– Talvez não, Dr.Rodrigo, o senhor é um rapaz tão ocupado apesar da pouca idade. Disse Dona Júlia com carinho de mãe.
Ele sorriu tristonho e pediu pra que ela esquecesse o assunto.
* * *
– Estranho Sofia...disse Alice olhando para a rua pela vidraça do prédio.
– Estranho o que Alice?
– Lembra daquele casal que saía todo dia da livraria, juntos?
– Sei, sei...que você dizia que parecia o casal perfeito?
– É.
– Que tem?
– Faz tempo que não os vejo mais...
– Ah ,vai ver eles enjoaram de se encontrarem na livraria, aliás não vejo a menor graça nisso.
– Você é uma insensível mesmo...– Vou lá tomar meu café, quer vir?
– Ah não querida você demora muito quando vai a essa livraria. Vai todo dia, nem sei o que tanto vê lá.
– Vejo livros Sofia, só livros!
Vestiu o casaco de lã e saiu do prédio em direção à livraria que ficava bem na esquina, atravessou a rua desatenta, sentiu um esbarrão forte que quase levou-a ao chão, acometeu-lhe um desejo insano de xingar o moço, mas, conteve-se, afinal, ele parecia mais distraído do que ela. Deu com os ombros e entrou.
Acomodou-se no cantinho de sempre e o atendente veio sorridente trazendo o capuccino e os bolinhos que ela gostava.
– Obrigada Mário...sempre gentil...Ele sorriu e agradeceu.
– Oi Alice! Cumprimentou Dona Júlia com simpatia.
– Tudo bem Dona Júlia? Estou eu aqui novamente.
– Você é sempre bem vinda querida...o que vai ler hoje?
– Não sei, talvez algo sobre sonhos...E sorriu pensativa.
– Hum...que coincidência Alice...
– Por quê?
– Meu chefe me perguntou sobre o mesmo assunto hoje...acho que as pessoas andam muito sonhadoras ultimamente.
– Seu chefe? Engraçado, nunca tive a oportunidade de conhecê-lo, mas...de repente me deu uma vontade...Sentiu um calafrio e uma sensação estranha tomou conta de seu corpo esguio.
– Que foi querida? Parece meio pálida?
– Não sei...de repente senti uma coisa estranha, sabe, quando você falou de seu chefe? Me pareceu familiar. As duas gargalharam sem entender nada.
– Desculpa Alice, mas, é até engraçado isso.
– É mesmo.
– Vou ficar só no café, Dona Júlia.
– Tudo bem querida como quiser. Despediram-se brevemente.
A menina mal saiu pela porta quando o rapaz voltou esbaforido.
– O que foi Dr. Rodrigo? Parece que viu um fantasma? Vamos lá pro escritório.
– A garota! A gar...Mal conseguia falar depois de tamanha correria.
– Que garota?
– Uma que eu esbarrei quando estava saindo, uma garota mais ou menos deste tamanho, pele branquinha, cabelo curto, usava uma casaco de lã e um chapeuzinho...e tinha um perfume...ahh...ela esteve aqui..ainda posso sentir... E olhava para a senhora com desespero.
– Infelizmente não sei de quem o senhor está falando, mas, porque quer saber desta menina?
– É ela dona Júlia, a menina dos meus sonhos!! Só pode ser ela...puxa como sou burro!! Ela estava ali na minha frente e eu nem a reconheci, só depois de andar vários metros que fui me dar conta disso. Ela existe dona Júlia! Eu não estou louco!
– Sinto não poder ajudar Dr.Rodrigo, respondeu a senhora tristonha.
– Era meu inconsciente, Dona Júlia, me mandando uma mensagem...”sonhos recorrentes”...eu li sobre isso...de certa forma eu já a havia notado, mas, estava ocupado demais para perceber. Preciso encontra-la! Mas não sei o que fazer, nem onde começar a procurar! E atirou-se desolado na poltrona do escritório.
* * *
Já estava quase no fim do expediente quando ouviu-se o toque suave do elevador que dava para o escritório.
– Posso ajudar? Perguntou Sofia toda espevitada ao receber o belo rapaz que acabara de entrar.
– Eu vim entregar uns livros que o Sr.Domingos encomendou, eu sou aqui da livraria.
– Ah sim, você é o novo boy?
– Não não...eu sou o proprietário.
– Ahhh..sim...Respondeu ela com outros olhos.
– Pode entrar, Senhor?
– Rodrigo.
– Isso! O Sr.Domingos está aguardando, Sr.Rodrigo.
– Posso deixar meu casaco aqui?
– Claro, eu guardo pro senhor.
– Obrigada. E entregou o casaco e o cachecol azul que ela colocou no cabideiro próximo à porta.
Ele saiu apressado, arrancou o casaco do cabide tão rápido que quase o derrubou.
Nove horas...o escritório estava vazio, ela se preparou para sair ainda mais desanimada do que na noite anterior, sentia-se cansada e confusa.
Desligou o computador e saiu sem ânimo, ao passar pela porta esbarrou no cabideiro com força levando-o ao chão.
– Droga! Essa coisa no meio! Chutou-o e enroscou o sapato em algo, estava escuro e demorou a se desvencilhar do que teimava em lhe prender.
– O que é isso? Acendeu a luz.
– Um cachecol azul! Perscrutou-o por um instante e sentiu um perfume familiar, as pernas bambearam e sua respiração ficou ofegante.
– É dele! Sussurrou assustada! Ele esteve aqui! Como isso pode ser? Eu devo estar ficando louca!
Correu em disparada para a estação e nada...nem um sinal dele.
Não conseguiu pegar no sono aquela noite, um pensamento constante martelava sua mente.
* * *
– Alice! Querida! Tão cedo! Nem abrimos a livraria ainda.
– Desculpe Dona Júlia, mas, preciso ver o seu chefe! Será que você pode me mostrar quem é? Só por um instante!
– Ele ainda não chegou querida! Acho que nem vem hoje, não anda muito bem ultimamente, coitado.
Antes que ela pudesse terminar ele entrou pela porta de madeira antiga, o sol tímido de inverno iluminou seu rosto pálido e deixou a boca ainda mais vermelha. Ela mal podia acreditar no que seus olhos estavam vendo, seria verdade ou apenas mais um sonho? Era ele, ali, parado, bem na sua frente, parecia congelado numa moldura perfeita.
Ela usava o cachecol azul no pescoço, o que ele reconheceu de imediato. Sorriu de contentamento e os olhos marejaram.
– Eu vim lhe entregar isso.
– Co..como sabia que era meu? Perguntou ele sem fala.
– Foi um sonho que eu tive.
– Ele sorriu e antes que ela pudesse reagir beijou-a intensamente o que ela consentiu sem questionar.
– Se isso for um sonho eu não quero mais acordar. Sussurrou ele em seu ouvido.
– Nem eu...
O tempo pareceu congelar e os dois ficaram ali, envoltos num abraço apaixonado.
– Essa é a maior prova de que sonhos se tornam realidade, Mário. Sussurrou Dona Júlia aos ouvidos do garçom.
– Como? Perguntou Mário sem entender nada.
– Você não entenderia meu caro, não entenderia... e sorriu de contentamento.