Conhaque, A Volta Por Cima de Um Cão (Celismando-Mandinho)

Conhaque, a Volta Por Cima de um Cão

(Celismando Sodré- Mandinho)

Fica imaginando a agonia de Conhaque, o cachorro de Mazão, quando este morava lá no São Tomé, atrás de toda a cachorrada, seguindo as cachorrinhas no cio pelas ruas e pelos roças daquele povoado. Nunca tinha chance, nunca sobrava nada para ele, porque o cachorrão de dona Zefa, que tinha mais de meio metro era implicado com Conhaque que malmente passava dos trinta centímetros, e nunca deixava ele dar, uma, apenas uma faturada.

Quase toda semana, Conhaque levava uma surra do Cachorrão de dona Zefa, este que era considerado o mais valente, tinha prioridade na labuta pelas cachorrinhas no cio e depois, deixava que todos fossem satisfazer seus instintos, menos conhaque. Quando este tentava alguma coisa levava outra surra.

Mais nesse dia seria diferente, Conhaque saiu disposto ao tudo ou nada, a paciência e a humilhação tinha chegado ao limite. E lá vai a cachorrada atrás de mais uma cadelinha no cio, o cachorrão de Zefa na frente, os outros atrás e Conhaque lá na rabeira. Quando o valentão terminou, deitou por ali e deixou os outros se satisfazerem, sempre de olho em Conhaque para nem encostar. Acontece que ele cansado, cochilou um pouco, quando acordou quem estava lá, faturando pela primeira vez em sua triste vida... Conhaque.

Esse cachorrão levantou numa ferocidade tremenda, e já foi mordendo Conhaque pelo rabo e puxando de cima da cadelinha. O pequeno cachorro sentiu o impacto do golpe e começou a sessão de tortura. Os outros cães já estava com pena de conhaque e um deles vendo aquela injustiça, propôs juntar todos contra o cachorrão de Zefa. Um deles falou: “vai tu primeiro!! “ resultado, ninguém foi.

Eis que de repente, Conhaque, já atordoado de tanta mordida cai de barriga pra cima e o Cachorrão valentão por cima dele, e o pegueno cão sofredor ver surgir, bem na sua frente, a oportunidade que sempre esperou. Estava ali, os testículos do seu inimigo ao alcance de seus dentes, tinha que ser agora, e mordeu... pense numa mordida com força e com raiva, a raiva de tantas surras e sofrimento. Tamanho foi o uivo de dor deste cachorrão que todo o povoado do São Tomé escutou. Seus testículos ficaram dependurados apenas numa pelezinha, quase separado do corpo. Humilhado ele saiu em disparada e sumiu, ninguém jamais viu, ninguém sabe se morreu em conseqüência da mordida.

Desse dia em diante, Conhaque passou a reinar como o líder da cachorrada na labuta pelas cachorrinhas no cio. Nenhum, mais nenhum , se atrevia a ultrapassar a frente de pequeno e valente cachorro. Quando ele não se encontrava presente que os cachorros em grupo, estavam atrás de uma cadelinha no cio, bastava alguém gritar: CONHAQUE !! não ficava um, unzinho sequer por perto.

MANDINHO
Enviado por MANDINHO em 11/06/2010
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