Comadre "A"
Uma personagem inesquecível da minha infância é cumade “A”. uma mulher estranha, vestida de roupas escuras, trazendo sempre debaixo do braço sua trouxa de roupas com o odor característico de urina. Ela andava sempre pelas calçadas da Av. Santos Dumont atual Av. Antonio Denguinho Santana e pela praça Dionísio Rocha de Lucena. Alimentava-se da comida dada pelos moradores daquela rua e dormia em qualquer uma das calçadas e nas noites chuvosas abrigava-se na sala de espera de alguma das residências da citada rua, inclusive na nossa.
Apesar de não gostar muito de conversa, não se irritava com as crianças e nunca as agredia. Era uma louca pacífica. Nunca se referia claramente aos seus familiares, mas jamais esqueceu a data 23 de janeiro talvez por registrar algo importante ou quem sabe trágico da sua vida.
Tratava a todos por comadrinha ou compadrinho. Especialmente na hora de servir-se de uma pinga na bodega do Sr. Neco Matias, quando dizia: “Cumpadim me da um tiquim de confissão”.
Na sua velhice ou melhor na doença que a vitimou foi acolhida por D. Mariínha, esposa do Major José Francisco, que a assistiu em sua residência até à morte e a sepultou juntamente à comunidade, no cemitério local.
Comadre “A” faz parte da lista dos inesquecíveis por quem costumo rezar.