O MAR

AMOR ANTIGO QUE A INFÂNCIA NÃO SOUBE ME PRESENTEAR, ATÉ QUE

CHEGOU O DIA DE TE CONHECER, NA PASSAGEM DE ANO, QUANDO

CHEGUEI AO RIO DE JANEIRO. AO ME DEPARAR COM TUA EXUBERÂN-

CIA FIQUEI SEM SABER ONDE ESTARIA O MAIOR ABISMO:SE EM TUAS

ÁGUAS OU SE EM MINHA EMOÇÃO, FAZENDO-ME POETA PARA ESCRE-

VER:

FICO NAMORANDO O BALANÇO DE TUAS ONDAS, QUE NA PRAIA SE

ARREMESSA

ACOLHENDO AS FLORES QUE DE LONGE TE TROUXE COMO PROMESSA

FEITA COM DEVOÇÃO À IEMANJÁ, ÚNICA MÃE DE TUAS ÁQUAS

QUE SEMPRE ME TRAZ A CURA PARA AS DORES DE MINHAS MÁGUAS.

ESTE MAR QUE EU TANTO OLHAVA,TRAZIA LEMBRANÇAS DO MEU PAS-

SADO,POIS, O VERDE DE SUAS ÁGUAS TORNAVA VIVA MINHA ANTIGA PAIXÃO POR AQUELES OLHOS DE SUA COR.

OH MAR! SEI QUE TUA EXTENSÃO ABRANGE TODOS OS RECANTOS DO

PLANETA, MAS, TAMBEM SEI QUE EM NENHUMA OUTRA LOCALIDADE TEU PODER É TÃO FESTEJADO COMO AQUI NESTA CIDADE.

OLHA AS MONTANHAS AO TEU REDOR, TE FAZENDO COMPANHIA PARA

NÃO PERMITIR UM SÓ MOMENTO DE SOLIDÃO. OLHA AS MATAS,JUN-

TINHAS, QUERENDO CONFERIR O VERDE MUTANTE DE TUAS ÁGUAS

COM O VERDE FIXO DE SUAS FOLHAS. OLHA O CRISTO, TE ACOMPA-

NHANDO TODOS OS DIAS, COMO PAI ORGULHOSO PELO FILHO TÃO

BELO E ÚTIL AOS OUTROS FILHOS.

NÃO CREIO QUE TE SINTAS TÃO EM FAMILIA COMO ALI EM SÃO CON-

RADO, ONDE VIVES BAJULADO PELA MATA QUE IMITA TUA COR E PELAS MONTANHAS QUE TIVERAM SEU NASCIMENTO JUNTO CONTIGO.

NÃO PODES TE SENTIR TÃO À VONTADE COMO NESTA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, ONDE ENCONTRAS TODOS OS INGREDIENTES QUE

AFUGENTAM A SOLIDÃO.

AH! COMO TUA PRESENÇA CONTRIBUI PARA O CHARME DE NOSSA PAISAGEM, AO TRAZER AQUELE ABRAÇO MOLHADO ÀS MUSAS QUE

TE VISITAM. SE AINDA PAIRA ALGUMA DÚVIDA SOBRE O QUANTO TE

AMAMOS, OLHA PARA TUAS AREIAS E VEJA QUANTAS PESSOAS VIE-

RAM TE VISITAR E USUFRUIR DE TEUS ENCANTOS PARA SEPULTAR

A SAUDADE. HÁ QUEM TE VISITE, DO LEBON AO ATERRO DO FLA-

MENGO, COM SUCESSIVAS PARADAS PARA UMA PROFUNDA RESPIRA-

ÇÃO, E, AO SE INUNDAR DE ENERGIA POSITIVA, EVOCAR A FELICIDA-

DE E ELA CHEGAR ABUNDANTEMENTE.

NO CASO, EM QUE A DEFINITIVA AUSENCIA DA MUSA AMADA ME TRA-

ZIA AQUELA SAUDADE ANGUSTIANTE, VEIO Á TONA O DESEJO DE VÊ-

LA NOVAMENTE. ENTÃO, FEZ PARTE DE MEU PEDIDO, EM PRECES Á BEIRA MAR, QUANDO ME INUNDAVA DE ENERGIA POSITIVA E ADQUI-

RIA PODERES, PEDIR A REPETIÇÃO DE UM MOMENTO PASSADO. fOI

AI QUE NOVAMENTE ME CHEGOU O VEIO POÉTICO PARA DIZER:

PEDI TANTO AO MAR QUE ME DEIXASSE VÊ-LA NOVAMENTE,

QUE JUSTO NO RESTAURANTE,SENTOU-SE LOGO Á MINHA FRENTE

UM CLONE DELA,COM PREFEIÇÃO NOS GESTOS E NA SEMELHANÇA,

DEIXANDO-ME O TEMPO TODO FESTEJANDO AQUELA VIZINHANÇA.

DE ONDE VINHA UMA VOZ QUE MAIS PARECEIA UMA ORQUESTRA

E A SOFRIDA SAUDADE SE TRANSFORMOU NUMA PROLONGADA FESTA.

DEPOIS DESTA PASSAGEM, ACHAVA-ME TÃO RECOMPENSADO QUE

VOLTEI AO MAR PARA SENTIR SEU ENCANTO E HOMENAGEAR O SEU

PODER. QUERO ESTAR SEMPRE COM MEU OLHAR AO TEU ENCONTRO

PARA ALIMENTAR MINHAS ILUSÕES E ME TORNAR PODEROSO EM BUS-

CA DA FELICIDADE.

OBS: ESTE CONTO PARTICIPOU DE UM CONCURSO DO "O GLOBO"

COM O TÍTULO: "CONTOS DO RIO - O MAR"

crpoeta