O Retrato
Era uma tarde cinzenta. Bruna entrou em seu quarto decidida depois de receber o diagnóstico médico: uma doença degenerativa terminal.
Olhou em volta até encontrar o copo sobre o criado mudo.
Dissolveu o conteúdo do pacote num pouco de água.
“Chega” pensou.
Uma lágrima teimosa brindou o momento.
Apertou o recipiente com as mãos, e: “Agora”.
Ergueu a “taça” como num brinde a eternidade.
Até que... Instintivamente encarou o retrato de Lucas, o filho. Ali, na parede pintada de branco, como se retribuísse o olhar.
Foi um breve momento em que o tempo foi só um detalhe.
De repente ouviu a voz de uma mensagem silenciosa: “Se dê mais uma chance”.
Lentamente, e sem pensar, sentiu uma força maior baixar sua mão.
E assim, sem palavras e sem explicações decidiu continuar; assim como a vida que também continuou.