MINHA INFÂNCIA QUERIDA
Ainda hoje carrego uma saudade comigo
Não sou novo mas também não sou antigo
Quando falo alguns zombam de mim
Nas estradas cortando fazenda
Quando mandavam eu ir na venda
Montava em meu cavalinho de pau, madeira de marfim.
Ao longe via levantar poeira
Já corria feliz abrir a porteira
Porque lá vinha um carro da cidade
Aquela seca de rachar o chão
Era o carro do nosso patrão
Que vinha visitar a sua propriedade.
Ele e esposa numa caminhonete turbinada
A sua caminhonete vinha carregada
De coisas pra nos dar de presente
Contente com a festa nossa
Mandava chamar o papai na roça
Pra vir festejar com a gente.
No fins de semana íamos no povoado
Todos contentes e bem arrumados
Juntava a familia inteira naquele carroção
Por todo lugar onde a gente passava
Felizes a todos comprimentava
E assim seguia a nossa direção.
Naquela fazenda só se via estradas boiadeiras
Com as laterais vermelhas de poeiras
Asfalto pra nós era novidade
Mas o progresso alí foi chegando
E tudo ali eu vi se modificando
Enfim o asfalto chegou vindo da cidade.
Onde era lamparina foi substituida
A luz elétrica chegou naquela casa tímida
Virou mecânica o que era tudo braçal
Era a tal mecanização e técnologia
Que pelo rádio se ouvia
Onde um trator trabalhava por dez animal.
Hoje morando aqui distante
Essa saudade que hoje é bastante
Aquilo tudo foi mexer com a gente
Meus pais em outra dimensão já foram morar
E quando voltei naquele lugar
E vi o quanto esta tudo diferente.