O ENCONTRO

UM ENCONTRO

JERONIMO Amigo da família

CARLOS = Amigo e ex-colega de colégio

ELIZETE = Esposa de Carlos e também ex colega de colégio

ANDREZINHO = ex-colega de colégio

TOINZINHO – o gaginho ex - colega do colégio

JOANA = Esposa do gaginho

NARRADOR - Estava assentado no alpendre da casa do meu amigo Jerônimo, de frente ao bar onde a elite se reúne, contemplando as diferenças da vida interiorana, enquanto passava diante de mim, em meus pensamentos, como se um filme: a miséria que do outro lado, na quadra seguinte. Numa abstração que nem ouvi o aproximar do amigo Carlos, me despertando pelo toque de sua mão em meu ombro, que me deu muito prazer, já não nos víamos há algum tempo.

CARLOS - Puxou a cadeira mais para perto e começamos a conversar.

NARRADOR - Perguntei-lhe da sua vida profissional, me disse que era comerciante e também se dedicava a política, exercendo o cargo de vereador.

NARRADOR - Falou-me de sua família, lembrou-me da sua esposa que também era da mesma turma, seu nome é Elizete, então, vários comentários daquele tempo vieram a nossa mente e demos boas risadas.

E o Andrezinho, o que é feito deles?

CARLOS Ele se formou em engenharia civil e esta trabalhado em Brasília, esta muito bem, de vez em quando ele aparece por aqui.

NARRADOR Continua daquele jeito mesmo, falante, sorriso fácil, sempre alegre, o mesmo meninão.

CARLOS Mas não anda mais com aquele fusquinha amarelo, mas continua com um fusquinha melhorado, isto é, um gool, mas bem novinho.

NARRADOR Conta-me, a Elizete, continua bonita, mas chorona e ainda usa aquele laço de fita no cabelo?

CARLOS Olha, chorana, como toda mulher e ela um pouco mais, porém a fita no cabelo não usa mais, cortou o cabelo, agora com o cabelo curtinho, não tem mais como por aquela fita, também agora vai à cabeleireira toda semana, acho que entrou na moda né? Mas, você não sabe da mais nova, Lembra do Toinzinho?

NARRADOR---- Sim, me lembro, o gaguinho?

CARLOS--- Isso mesmo ele se casou com aquela menina que todos a chamavam de dentuça ou Mônica? Como é mesmo o nome dela?

NARRADOR---Joana, mas, é incrível! Como ele o mais desengonçando da turma casou com a menina mais bonita da sala...

Ela trazia no rosto um sorriso que parecia estar preservando algum segredinho e sempre falava com certo cuidado, sempre reticente, mas graciosa, naquele uniforme sempre bem cuidado, seus livros e cadernos sempre deferente dos nossos, era bem encapado, sem orelhas, mostrava todo seu cuidado e zelo.

Ela tinha sempre uma opinião a respeito de quase tudo, e quando se falava sobre matemática, ela mostrava todo o seu gosto e paixão pela matéria, e sempre solícita em responder nossas perguntas e tinha prazer em nos ensinar alguma coisa que não havíamos entendido.

E do Borges, você tem noticias deles?

Carlos – O Borges é aquele que morava no sitio e que vinha sempre de carroça, ao colégio?

NARRADOR – Sim, ele mesmo.

CARLOS - Ele se formou em agronomia e esta trabalhando com vários fazendeiros e cuidando também do sitio de seu pai, que na verdade é também dele, seus pais são velhos e ele é filho único,

O sitio dele vale a pena ver, ele transformou aquela feiúra em um sitio lindo e muito produtivo. Ele hoje é o senhor doutor Borges, está se dedicando ao plantio de hortaliças, esta abastecendo todos os mercados da cidade.

NARRADOR – Quem diria? Aquele menino tímido, calado, que nem sempre tinha dinheiro para compras o seu lanche. Mas tinha boas qualidades, era estudioso, atencioso e bom amigo, ele merece ter vencido na vida, ainda mais agora ele pode cuidar dos seus pais.

CARLOS – E isto ele esta fazendo muito bem, derrubou a casinha velha, construiu uma bela casa onde mora seus pais, tem um carrinho para ir à cidade, levando seus pais a passear e tomar um sorvete na sorveteria da praça; ele esta fazendo os pais muito felizes.

Eu perguntei se não tinha planos de casamento, disse que estava pensando na sua namoradinha dos tempos da faculdade, ela não é bonita como a Isabela, mas é uma moça fantástica, inteligente, gentil, educada, estou esperando por ela, deve vir no final de semana para conhecer meus pais e também o sitio que moro e trabalho, quem sabe???

NARRADOR : Não me lembro da tal Isabela que o Borges mencionou, era ela da nossa turma?

CARLOS – Não, ela era da turma anterior a nossa, ela é muito bonita mesmo, ela se mudou logo que concluiu o colegial, e nunca mais a vimos por aqui.

NARRADOR - Mas, nem a escola sabe para onde ela se mudou?

CARLOS – com certeza sabe, pois como procederiam ao envio de seu diploma? Só que ninguém se preocupou de perguntar, e acabou que ficou no esquecimento.

NARRADOR: É tem coisas que não nos diz respeito e a gente deixa passar, só se lembra quando alguém pergunta, não é mesmo?

Vejo que muita coisa mudou na vida de cada um de nós, Carlos virou comerciante, e também se envolveu na política, outro engenheiro civil, outro agrônomo...

CARLOS : Bem, já falamos muito da vida de cada um dos colegas da turma do colégio, mas de você mesmo, não falaste. Vamos lá, fale-nos de sua vida.

NARRADOR Bem, eu andei viajando por esse mundo pela Europa, passei também pela Ásia e depois de quatro anos retornei à minha cidade, para rever os amigos que por aqui eu deixei, e qual não foi o prazer de encontrar-te, alegre e feliz, meu amigo Carlos. Estou fazendo uma pausa nas atividades pra ver de verdade ao que vou me dedicar. E quem sabe encontrar aquela mocinha que sentava atrás de mim, na classe, a Angélica, você se lembra dela?

M e diga ela ainda esta solteira?Esta ainda morando por aqui?

CARLOS – Não estou entendendo tantas perguntas, tanta ansiedade, será...?

Respondendo a primeira pergunta, sim claro, ela era minha vizinha, sempre íamos juntos para a escola, ela era muito simples, mas bonita sim. Ela é de família humilde, mas muito boa gente, seus pais e irmão são muito trabalhadores, gente honesta.

Ela esta ainda solteira e quem sabe você é o príncipe encantado que ela tem esperado? E continua morando no mesmo lugar, só que a antiga casinha que você conheceu, se transformou em uma bela casa, com jardins na frente, muito bem cuidados. Também, se formou em engenheira arquiteta, e seus trabalho tem feito uma mudança nas construções da cidade e também é muito concorrido pelas cidade vizinhas. Você gostaria de vê-la? Como é costume dela, ali pelas 16, horas ela estará na construção do pai do Gaginho, que esta fazendo uma bela casa, sob a direção dela.

NARRADOR – Bem não sei se seria conveniente ir encontrá-la no trabalho, não acha?

CARLOS - /bem seria uma oportunidade para o quebra gelo, mas realmente visita-la em sua casa seria mais cavalheiresco e gentil. --- Concordo com você. Mas, vamos lá, vamos fazer de conta que estávamos passando e então a cumprimentaremos e depois você promete uma visita em sua casa; seria uma boa desculpa para ir até seu trabalho, não acha?

NARRADOR: Nisto você tem razão, vamos lá, quem sabe já a contrato para construir uma casa para mim.. E ela né?

CARLOS: Parece que a coisa é séria, toda essa ansiedade.

NARRADOR: Realmente, essa ansiedade, vem me acompanhando pelas minhas viagens, e não foi sem propósito que vim parar por aqui aproveitando a fidalguia do amigo Jerônimo, em me hospedar, que sempre foi amigo de meus pais e chegando fui recebido com todo aquele sorriso que lhe é peculiar. Logo perguntando por meus pais, ficamos conversando por muito tempo, contei-lhe que papai continua na pecuária, criando bois de corte, mas com muita tecnologia, até que chegou a hora do seu passeio vespertino, convidou-me para acompanhá-lo, mas preferi ficar descansando e recordando meus tempos de estudante, dos amigos e de nossas farras e travessuras.

JARBAS M. POVOA 22-05=2010

MARQS
Enviado por MARQS em 24/05/2010
Código do texto: T2277702