OURO
Os pedregulhos e seixos rolados no leito da vereda denunciavam que por ali, em alguma época, houve água corrente.
A incoerência da areia fofa e o tom perolado gritavam para quem quisesse ouvir e tivesse um mínimo de conhecimento que o processo de desertificação havia começado e que estava a exigir medidas simples, mas enérgicas para interromper, estabilizar e reverter esse flagelo ambiental.
A casa havia se transformado em tapera carecendo reparos do piso ao teto de onde pendia a colônia de morcegos.
Quanto dinheiro seria necessário para trazer a energia elétrica desde a rua?
E para recuperar aquela moradia antiga, mal dividida, cheia de quartos escuros e mal cheirosos?
Será que valeria a pena gastar tanto? Não seria bem mais lógico derrubar tudo e construir outra vez?
As lembranças da infância se corporificaram desde a porteira velha. Tudo voltava a viver os dias cheios de atividade com a criação, o plantio, as colheitas, gente entrando e saindo para negociar com meu avô no alpendre da casa, onde ele fumava cigarro de palha sentado na espreguiçadeira e eu comia coalhada adoçada com rapadura que minha avó trazia num caneco de ágata.
A tranca da porta, feita de miolo de maçaranduba, era mais pesada que eu e agora lá estava ela, encostada na quina de duas paredes da sala da frente, esperando que alguém viesse fechar a porta que não tinha fechadura.
Que fim teriam levado as outras trancas das janelas e da porta da copa?
Quem teria levado as panelas de ferro, a chaleira grande, o tacho de cobre, as panelas de barro e as peneiras?
Deitado no chão junto ao fogão de lenha, o pilão grande, mas sem a mão.
O cupim destruíra todo madeiramento da coberta que servia de cozinha, ligada à copa por um batente feito por dormente de estrada de ferro. Cacos das telhas caídas estavam espalhados pelo chão e outras tantas permaneciam desafiando a lei da gravidade em equilíbrio instável, prestes a desabar de vez.
A jarra da água de beber ainda estava com o pano amarrado na boca e o coco de flandres, completamente enferrujado, pendurado na parede. Os móveis, a louça, os talheres de prata, tudo havia sido levado. Para onde e por quem?
Quem saberia responder?
Mais de trinta anos haviam passado desde a última vez em que eu pusera os pés ali.
O chapéu que o meu avô usava nas festas de rua ainda estava no porta-chapéus, empoeirado e sujo de cocô de morcego e o espelho perdera o brilho por conta da umidade e da sujeira.
Passei o lenço para tentar limpar o espelho e no pequeno espaço onde pude recuperar alguma nitidez de imagem, julguei ver o rosto magro do meu avô me olhando com seus olhos bondosamente azuis como o céu, onde ele provavelmente deve estar.
O susto do momento me trouxe à realidade. Eu tinha um trabalho hercúleo para realizar.
Recuperar aquela fazenda se tornara obsessão desde que os parentes anunciaram que haviam desistido daquele fim de mundo.
Não adiantaram meus argumentos sobre a viabilidade da fazenda. Acho que pela primeira vez na vida, a família foi unânime numa opinião.
Diante da minha teimosia, a tia Clotilde mandou redigir um documento de doação, obrigou a todos os herdeiros a assinar fez o registro no cartório de notas. Daquele momento em diante eu era o único proprietário da fazenda do Juá Queimado.
O nome se deve ao fogo que um criminoso tocou na mataria seca e pegou no pé de juá que tinha na entrada da fazenda. A árvore mais que centenária queimou por vários dias, mas o fogo não conseguiu consumir totalmente o tronco que permanece lá até hoje dando sobrenome à fazenda, antes fazenda do juá, depois do ocorrido fazenda do juá queimado.
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Numa noite, na casa da minha ex-mulher, mostrei o documento. A mulher e os filhos tiveram a mesma reação do restante da família.
- Só mesmo um idiota da sua qualidade para querer se enterrar numa merda daquelas. Mesmo que ainda estivéssemos casados eu não iria nem agora nem nunca. Se os meninos quiseram ir eu só tenho a lamentar.
- Pedro?
- Não pai. Eu fico por aqui mesmo. Estou muito bem aqui com mamãe. Tem o meu trabalho...
- Jandira?
- Nem pensar! Sabe pai, eu tenho meu trabalho, tem a facul...
- Eu quero que vocês, meus filhos, saibam que amanhã pela manhã eu vou para a fazenda. Por favor, pelo menos uma vez por semana passem no meu apartamento para apanhar a correspondência e as faturas. Liguem para mim, pode ser a cobrar, para eu poder transferir o dinheiro para os pagamentos, mas isso só enquanto não faço a transferência de endereço.
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Já estava anoitecendo quando voltei para a rua. A bodega de seu Hipólito continuava a mesma. Nada mudara desde a minha infância.
- Seu Hipólito onde eu posso me hospedar?
- Quem é o senhor? Quem lhe mandou aqui?
- Quem me mandou aqui foi Chiquinho de Dé.
- Ôxe! Chiquinho de Dé tá morto tem pra mais de vinte anos.
- Eu sou Otávio de Dé. Se lembra mais de mim não?
- Ôxe! Como é que podia lembrar? Você era menino quando saiu daqui...
- Meu pai sempre disse que qualquer coisa que eu quisesse na vida podia vir ver com o senhor, porque aqui na sua venda tem. Por isso eu vim saber onde posso me hospedar.
- Olhe, na cidade só tem a pensão de Erotildes, mas eu acho que tá cheia. Abriu uma agência de banco e tem um bocado de gente nova na cidade morando lá.
- Mesmo assim eu vou tentar, não custa nada não é mesmo? Lá na fazenda não tem como a pessoa ficar antes de dar umas boas vassouradas.
- A fazenda do Juá Queimado? Você vai morar lá? Diz que aquilo ficou mal assombrado depois que seu Dé morreu. Ele ficou viúvo, todo mundo foi embora. A única pessoa que ficou foi Engrácia, aquela empregada velha.
- Meu pai veio aqui para levar ele para a capital quando vovó morreu, mas ele não arredou o pé.
- É. Seu Dé era um cabra teimoso. Quando botava uma coisa na cabeça, podia sapatear junto dele que era mesmo que nada. No dia que Engrácia morreu, ele veio na funerária, pagou o enterro e voltou para a fazenda. Só saiu de lá no caixão. Eu penso que ele morreu de fome. Olhe menino, se na pensão não tiver lugar, me avise que eu vou ver com Maria se dá pra arrumar um canto aqui em casa pra você dormir por uns tempos, até ajeitar aquilo lá.
Erotildes arranjou uma vaga no último quarto. Eu preferi assim. Teria mais privacidade apesar de estar dividindo o quarto com um estranho. Era um rapaz do banco. Sério. Comportado. Dormia e acordava cedo sem incomodar. Nós fazíamos uma boa dupla no ronco.
Pela manhã voltei na bodega.
- Bom dia.
- Bom dia, Erotildes arranjou lugar pra você dormir lá, não foi?
- É. Eu achei melhor ficar lá na pensão pra não dar trabalho. Lá eu serei apenas mais um. Não vou causar o transtorno que daria em sua casa. Vou fazer as refeições lá mesmo. Tem uma porção de gente para ajudar. Aqui eu só iria dar trabalho.
- Mas ia dar muito prazer pra nós também. Se alguma coisa não der certo por lá, pode vir. Falei com Maria e ela disse que vai ter muita satisfação em servir a um filho de Chiquinho de Dé. Ela foi menina junto com ele.
- Eu agradeço, mas enquanto a fazenda não fica pronta eu vou me aguentando na pensão. O que eu preciso para agora é que o senhor me arranje dois ajudantes. Eu só não vou dar conta. Tem muita coisa pra ser feita por lá até que alguém possa morar na fazenda novamente.
Os ajudantes que apareceram eram conhecidos por Tico de Mané Gago e Onofre que diziam ser filho do padre Onofre. Deviam ter a mesma idade de Pedro, meu filho.
Levamos caibros, cordas, roldanas, baldes e ferramentas para limpar a cacimba.
A borda do poço, feita de pedras, como as demais construções estava em ruínas. Para não comprometer a segurança resolvemos que o melhor seria acabar de derrubar as partes danificadas e cuidar de fazer a borda depois que a limpeza estivesse terminada.
Montamos a estrutura com os caibros e Tico de Mané Gago, por ser menor e bem mais magro ficou encarregado de fazer a limpeza.
Tal como um trapézio de circo, lentamente foi descendo e limpando as paredes do poço.
Diversos tipos de samambaias encheram várias vezes a sacola de lona que não parou de trabalhar até que Tico avisou que havia chegado à lâmina d’água.
Com o auxilio de um caibro, medimos a profundidade. Seis palmos. Tínhamos mais ou menos um metro e trinta de água límpida e pouco salobra a oito metros de profundidade.
Qualquer bomba sapinho traria a água para cima. O diabo era a energia elétrica. O último poste estava há mais de quilômetro da porteira.
O portador chegou com as marmitas do almoço. Depois do descanso destelhamos a casa. Era preciso examinar o madeiramento velho e em muitos pontos apodrecido pela ação dos cupins.
As paredes de taipa careciam de conserto, o piso de mosaico verde e vermelho resistira bem. Água e sabão e ele voltaria ao esplendor de antigamente.
No dia seguinte passei no armazém e fiz a encomenda do material necessário para a reforma e por indicação do balconista contratei os serviços de Zé Macedo.
Comprei também uma bomba cata-vento, uma caixa de fibra de mil litros e os canos. Até que fossem instalados, continuaríamos a tirar água do poço com o balde preso na corda.
- Esse fogão de pedra tem que ser desmanchado pra fazer de novo.
- Pode deixar que eu cuido disso depois. Vou botar o fogão de gás na copa mesmo. Eu acho que nem vou mais querer fogão de lenha. Madeira tá difícil e o mato que resta não deve ser cortado.
Todos os dias eu trazia as sementes das frutas e verduras usadas na cozinha da pensão e enquanto dava um giro pela propriedade, ia jogando as sementes com o objetivo de que elas germinassem e de alguma forma ajudassem a recuperar o solo.
Trouxe também milho, feijão guandu e de corda e sorgo.
Da feira eu trouxe cana de açúcar, café, abacate, manga, melancia, jurubeba, mamona e sementes de algodão.
Passei email para a Emater solicitando sementes de Atriplex, pois essa planta além de servir de forrageira sequestra os cloretos que tornam estéreis os solos pobres.
Acordei no meio da noite com o som da tempestade. Toda aquela água iria facilitar a limpeza, mas poderia botar a perder os reparos na taipa. Para minha surpresa, Zé Macedo tinha colocado as telhas canal sobre as paredes. Ele havia pressentido que iríamos ter muita chuva. Nesse dia, por causa do mal tempo, ficamos na rua.
Aproveitei o tempo livre para comprar as tintas e encomendar as trancas para as janelas e a porta da copa, pois eu havia decidido recuperar a casa tal como era no tempo da minha avó.
Dois dias depois da chuva deu-se o milagre do ressurgimento da vida naquela paisagem árida.
Havia água nas veredas e muitos peixinhos. Multidões de borboletas de cores variadas, besouros verdes brilhando como esmeraldas, mariposas e pererecas de todos os tamanhos.
A sinfonia dos sapos varava a noite em contra canto com o bacurau e os tetéus.
Durante o dia era a vez dos galos de campina, bem-te-vis e muitos outros. No fim da tarde era a vez dos rouxinóis.
Parecia que eles todos estiveram embalados em caixas que a chuva abrira para a vida.
Nas semanas seguintes foi a vez das sementes que eu havia lançado durante as minhas andanças pela propriedade. Minha estratégia estava dando certo.
Finalmente a casa ficou pronta. A borda do poço ficou parecendo que tinha sido tirado de um livro de contos de fadas. As paredes pintadas com cores fortes fazendo contraste com os detalhes na cal branca, as portas e janelas brilhando com o esmalte novo.
Minha fazenda estava viva outra vez.
As economias estavam no fim e eu ainda precisava mobiliar, pois dos móveis antigos somente restavam duas cadeiras feitas de sucupira, grandes e pesadonas que ficavam no alpendre e o porta chapéus da sala.
Mandei restaurar o chapéu do meu avô. Agora lavado e remodelado, parecia novo. O rapaz da tinturaria queria substituir o cadarço e a peninha puída, mas eu não deixei.
A cerca precisava de consertos em muitos pontos, mas eu pretendia circundar a propriedade com um murinho de uns oitenta centímetros de altura feito com as pedras que haviam por todos os lados.
Parecia que elas nasciam do chão, quanto mais se usava, mais pedra aparecia. Zé Macedo garantiu que construiria quinhentos metros de muro por mês, mas eu tinha certeza de que ele jamais iria cumprir a promessa feita depois de quase uma garrafa de aguardente.
Enquanto esperava a aprovação do cadastro para a liberação do empréstimo, minha ocupação diária era percorrer a propriedade. Numa das veredas, no meio do cascalho, notei o brilho dourado.
Era uma pepita com mais ou menos um centímetro cúbico.
Com a ponta da varinha que levava comigo, revirei o cascalho e outras pepitas apareceram.
Eu tinha dúvidas de que aquilo fosse ouro. Estava bem mais parecido com pirita, o ouro dos tolos, mas mesmo assim apanhei todas as pepitas que vi e coloquei-as no lenço.
À noite, sonhei localizando o veio principal. Era muito ouro. Eu estava podre de rico. Pela manhã, com o sonho bem nítido na memória fui procurar os indícios do veio.
Eu sabia que ouro sempre está onde tem cascalho, mas por esse indício, a fazenda toda seria uma mina a céu aberto porque cascalho, seixos rolados e pedras maiores eram só o que havia para todo lado dando conta de que, em épocas remotíssimas, muita água rolou por ali.
Depois do almoço que o portador de Erotildes trouxera, sentei num dos cadeirões do alpendre e coloquei os pés descalços sobre o outro. Por não ter com quem falar e com a brisa morna e cheirosa, devido às flores da caatinga, adormeci.
No sonho, meu pai montado na mula Preciosa chegou bem junto do alpendre e sem desmontar, passou o lenço na testa e no interior do chapéu de massa azul claro que sempre usava e me olhando diretamente nos olhos disse:
- Seu avô mandou dizer que o ouro está enterrado no fogão de lenha, dentro daquela panela grande de ferro que você esteve procurando logo que voltou para cá. Ele guardou para você porque sabia que algum dia essa fazenda ia ser sua e que ninguém viria para ajudar. Fale casamento com Cremilda, filha de seu Hipólito da bodega. Ela está doida por você desde que lhe viu. É uma boa moça, tem a mesma idade que você e não vai lhe dar as dores de cabeça que Lea lhe deu.
Recolocou o chapéu, ajeitou sobre os olhos como de costume, e puxou a rédea de Preciosa para a direita em direção à porteira.
Foi preciso praticamente desmanchar o fogão de pedras para encontrar a panela de ferro. Estava tapada com barro e enterrada bem fundo. Havia pelo menos 3k de ouro puro ali dentro em barrinhas e em pepitas.
Agora eu não precisava mais do empréstimo, mas para evitar que outros tomassem conhecimento do tesouro e resolvessem fazer corrida do ouro que fatalmente iria destruir toda a fazenda, peguei a quantidade que julguei ser meio quilo e guardei o resto no mesmo lugar até ser transferido para o cofre de um banco na capital, pois somente seria usado em caso de extrema necessidade.
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Cinco anos e meio já se passaram desde que cheguei à fazenda do Juá Queimado.
Durante esse tempo ninguém da família veio até aqui.
Tia Clotilde fez um câncer e eu paguei todo tratamento numa clínica particular. Apesar dos cuidados morreu seis meses depois, só pele e osso. Paguei o traslado do corpo para o cemitério de Horizonte para que ela fosse enterrada junto aos pais. Nenhum parente veio. Estavam muito ocupados.
A fazenda produz e exporta pimenta para o MERCOSUL.
Minha estratégia de espalhar sementes aleatoriamente deu certo.
Hoje temos árvores grandes frutificando todo ano. O solo se recuperou em grande parte e o processo de desertificação está controlado.
Fiz sociedade com Tito de Mané Gago na criação de cabras de leite na fazenda que arrendamos junto da minha e estamos fornecendo para as escolas da prefeitura.
Cremilda e eu somos os padrinhos do casamento e de Leonardo, primeiro filho do casal.
Onofre foi para a capital e entrou para o seminário para ser padre.
Meus filhos, Pedro e Jandira, quando souberam do casamento com Cremilda, deixaram de falar comigo.
Por email pediram, aliais ordenaram, que eu não os procurasse mais.
Mas eu estou muito feliz.
Adotamos oito crianças com idades que variam de quinze, o mais velho à um ano e meio, a mais nova.
Tenho uma mulher honesta que me compreende, auxilia e incentiva tudo que eu imagino fazer e que quando soube do ouro, disse com toda sinceridade que a nossa vida, tal como estava na tranquilidade da fazenda, nem todo ouro do mundo seria capaz de comprar.
Nossos filhos, nascidos do coração, alegram nossas vidas e enchem a fazenda com aquele som maravilhoso que somente brincadeira de crianças sabe produzir.
Com o ouro escondido no banco, estamos livres de bajuladores interesseiros. São 500 barrinhas de 50g de ouro com pureza de 99.9% depositados em três bancos diferentes.
Para viver tranquilo sem a preocupação com dinheiro, tempos atrás vendi um quilo e o dinheiro ficou aplicado na Caixa.
Para evitar a boataria que estava surgindo de que eu tinha achado uma botija, atrasei o pagamento de várias prestações do empréstimo, entrei na fila de renegociação com o banco e esperei que o seguro safra pagasse para poder liquidar o financiamento.
Fiz questão de espalhar a minha inadimplência e o boato morreu, mas quase todo dia eu acho mais pepitas de ouro pelo chão.
Seu Hipólito morreu de causas naturais. Depois do enterro, dona Maria mudou para a fazenda, arrendou a bodega e toda noite, depois do jantar, conta histórias para os netos.
Uma das primeiras providencias, quando saiu o empréstimo, foi trazer a energia elétrica.
O cata-vento trabalha o dia todo, por isso temos abundancia de água. Parte dela é passada no dessalinizador e a água do rejeito é usada na irrigação das ervas de sal, como o pessoal daqui chama as minhas Atriplex.
O apartamento na capital continua fechado esperando que os novos filhos usem quando estiverem cursando a universidade.
Plantei outro pé de juá na entrada da fazenda e como eu havia previsto, Zé Macedo ainda não terminou a construção do murinho de pedra no perímetro da propriedade.
Maria José, a filhinha mais nova, todo dia, depois do almoço, brinca no alpendre com um vovô de chapéu azul que somente ela vê.
E, vez por outra, quando passo pela sala julgo ver o rosto magro do meu avô, no espelho falhado do porta-chapéus...
Advertência:
Ao escrever os diálogos procurei reproduzir a maneira de falar dos pernambucanos, nem sempre culta, mas sem dúvida melodiosamente linda.