Em Briga de Marido e Mulher...

Pelo barulho a impressão que dava era de que dessa vez não iria sobrar nada. Ainda que já fosse habitual um jogar objetos no outro, a barulheira de pratos sendo quebrados, e outros ruídos não identificáveis, eram de fazer crer que nada ficaria inteiro na casa ao lado.

– “Chama a polícia!” – disse ela, demonstrando preocupação.

– “Eu vou lá, isso já passou dos limites” – respondeu ele, totalmente indignado com o vexame dos seus vizinhos, que continuavam a se xingar mutuamente e a lançar sobre o outro o que estivesse ao alcance das mãos.

– “Não se mete, meu amor. Não temos nada a ver com isso. É só ligar pra polícia que eles dão um jeito” – argumentou a mulher.

– “Ah, não! Dessa vez, não. O que eles tão pensando? Tá na hora desse sujeito aprender algumas coisas sobre civilidade” – falou já saindo pela porta da sala rumo à casa da contenda, certo de que estaria prestando um grande serviço à humanidade.

Ao chegar em frente à porta da sala do vizinho, no momento em que vai tocar o botão da campainha, é surpreendido quando subitamente a porta se abre e a vizinha sai correndo e gritando:

– “Ele vai me matar!”

Atrás dela vem o marido enfurecido em sua perseguição. Sem pensar, num ato de puro reflexo, ele agarra as pernas do vizinho furioso que cai, batendo com a testa na mureta da varandinha da casa. O pretenso agressor fica tonto, o sangue jorra. A mulher fugitiva pára e volta correndo para acudir o marido. Aos prantos ela repreende o vizinho que saíra em seu socorro:

– “Seu idiota. Olha o que você fez!” – apoiando a cabeça do marido ainda zonzo no seu colo, beija e acaricia a testa ensangüentada, recriminando o vizinho.

– “Você é louco? Quase matou o meu marido!” – em seguida faz declarações de amor ao esposo que deitado no seu colo corresponde:

– "Eu também te amo, meu amor!"

E aí, meu irmão? Me explica essa!

Laerte Cardoso
Enviado por Laerte Cardoso em 23/05/2010
Reeditado em 19/06/2010
Código do texto: T2274123
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