Cartaz: "Proibido som de celular"

Cheguei em casa com a fadiga natural do trabalho, tomei um banho, e saí pra tomar um caldo numa lanchonete, esfriar a cabeça e pensar na vida.

Bem...Chegando lá, fiz dois pedidos: Uma "long neck" - pra reavivar a memória e abrir os caminhos - e um caldo, ou melhor, uma canja. Estava faminto e sedento, naturalmente.

A garçonete, gentilmente, me serviu o primeiro pedido e logo em seguida partiu em busca do segundo. Enquanto eu esperava a canja, saboreava a cerveja com avidez.

A canja chegara no mesmo instante em que um cidadão magro, de estatura média, usando boné, entrara na lanchonete e se acomodara numa mesa ao lado da minha. Sujeito meio esquisito.

O cidadão nem sequer ainda havia sentado direito quando meteu a mão no bolso direito e sacou um celular.

Foi o meu fim...

O cara, mais que de pressa, começou a futricar e futricar o aparelho. Após alguns instantes, fez uma cara de contentamento, ligou o som do celular, e colocou pra rolar aquela medíocridade de música. Há que se dizer que não havia praticamente ninguém naquela hora, ou seja, a dita lanchonete estava vazia. Dentro de mim eu me fazia dois questionamentos: "Por quê, justamente ao meu lado, Senhor? Se a lanchonete está completamente vazia...", e "Meu Deus, o que é que eu te fiz?" Sabia que Deus não tinha culpa. A culpa era mim.

Fiquei possesso, levantei da mesa, e de tanta indignação acabei deixando de tomar metade da deliciosa canja e boa parte da cerveja.

Enquanto eu pagava no caixa a conta, ouvindo ao fundo aquela maldita trilha sonora, me perguntava, fitando as paredes:

"Por quê ainda não bolaram um cartaz dizendo:

"Proibido som de celular"?

cristovam melo
Enviado por cristovam melo em 22/05/2010
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