MONÓLOGO COM “Deus”

O homem que quer crer...

Ele se questiona sobre a sua existência e fala da iniqüidade humana. E de quanto sofrimento um ser humano pode suportar.

"Eu não pertenço a esse lugar... O que estou fazendo aqui?

O mundo que me foi prometido era outro... As pessoas respeitavam os direitos e as escolhas das outras...

Havia piedade e generosidade...

O mundo que me prometeram era outro...

Sinta minha dor!

Eu não posso compreender o egoísmo...

Eu não posso compreender o isolamento...

Eu não posso compreender...

Liberta-me!

Eu não compreendo como as pessoas podem não se preocupar umas com as outras...

Abandonar crianças a sua própria sorte...

E relegar os idosos ao esquecimento...

Conforta-me!

Esse mundo não é meu...

Eu não posso compreender como a opulência e a decadência, podem coexistir lado a lado, como se fosse a coisa mais natural do mundo...

Como poderei me sentar à mesa farta, quando milhões não têm o que comer...

Onde está a Vossa justiça?

Machucaram-me...

Feriram-me em minha dignidade... E meus ideais foram por terra...

Derramei o meu sangue por uma causa perdida...

E me decepcionei com o meu próximo...

Conforta-me...

Como posso ter esperança, se não há esperança?

Como posso ter fé se não há em que acreditar?

Como posso crês na Tua justiça, se há tantos injustiçados?

Como posso crer na Tua benevolência, se há tantos que clamam em vão?

Como posso...

Como posso crer na Vossa proteção, quando templos repletos de inocentes, que oram em seu nome, são explodidos e incendiados?

Como posso crer...

Suaviza (esta dor)

Ameniza minha dor

Onde esta a Vossa piedade ao ver uma mãe chorando, junto ao leito do seu filho, faminto e doente?

Tira-me esta dor, Senhor!

Conforta-me

Onde Estais que não ouves o clamor de milhões, ignorando as suas súplicas?

Eu preciso desesperadamente ter fé. Mas não tenho em que acreditar... Liberta-me!

Quando as palavras proferidas são antagônicas aos fatos.

Liberta-me!

Suaviza (esta dor)

Porque permites que tantas atrocidades sejam cometidas em teu nome?

Por que permites que a Vossa palavra seja destorcida em beneficio de poucos?

Porque permites que o mal triunfe?

Conforta-me

Liberta-me

Porque finges que não ouve?

Porque os justos têm que pagar um preço tão alto. Enquanto os opressores vivem na glória?

Suaviza (esta dor)...

Conforta-me...

Liberta-me!"

Naioton
Enviado por Naioton em 21/05/2010
Reeditado em 23/05/2010
Código do texto: T2271588
Classificação de conteúdo: seguro