A garota
Era uma garota comum, que às vesperas do dia das mães precisava ir ao shopping comprar um presente, mas ja escurecera e ela ainda estava em casa, o pai brigava: "- se você não sair agora, não vai mais". Ela pegou a bolsa e bateu o portão.
Andava pela rua preocupada, o ponto de ônibus estava vazio e a garota estava com medo, pensou em alguns motivos para voltar á tras e ir pra casa, mas decidiu que não deixaria o medo de sair sozinha à noite vence-la. O ônibus veio, estava vazio, mesmo assim deu sinal, o motorista parou com um sorriso malicioso, e o trocador ao pegar o dinheiro olhou-a, como um animal que repara sua presa. Ela passou pela roleta, sentou no banco mais alto do veículo, pegou o mp4, tampou os dois ouvidos com o fone, apesar de só um lado pegar. Tentava de todas as formas não se preocupar em estar sozinha com aqueles dois homens ali, tocava Beatles e ela viajava nas introduções das músicas, era o que ela mais gostava. Subia morro, descia morro e ninguém entrava no ônibus, ela olhava pela janela, e via nos olhos de tantos velhos tarados a cobiça ao olhar pro teu rosto de menina, sentia raiva, repulsava. Institivamente colocou a mão na boca e pôs-se a comer unha. Estava nervosa, até que o ônibus parou, e a calmaria veio quando viu duas pessoas subirem no veículo, a garota riu ao ver um cara bonito rodar a roleta, olhava-o despistadamente, ele sentou no banco ao lado do seu, porem do outro lado do "corredor", e o amigo que a olhava sem nenhuma descrição, sentou ao lado dele. A garota checou se estava bem, ajeitou o cabelo e endireitou o corpo. Mas não passou-se dois minutos pra que ela começasse a fingir pra si mesma, se largou novamente no banco e fingiu que não ligava pra garotos bonitos, pra sua propria aparência e fingiu nem notar o amigo do cara que pos-se a observa-la. O ônibus estava parando mais, e logo começou a encher. Em um dos pontos, entrou uma senhora que sentou ao seu lado, no outro entrou duas garotas, a primeira bonita, muito bonita, sentou-se à sua frente, com a amiga que sentou-se à frente dessa, em algum comentario a bonita olhou pra trás e a encarou, a garota baixou os olhos e ela sorriu. A garota olhava pela janela tentando não pensar no desejo que sentia pela bonita, tentanto negar a inveja que sentia da bonita, e tentando não se importar com a amiga da bonita que não lhe chamava atenção, mas que a encarava. Quis reparar em outras pessoas do ônibus, olhou um casal, sentado mais adiante, sonhando com o filho que estava a caminho, e sorriu ao pensar como seria uma filha, ou um filho seu. Olhou um garoto bonito que conversava risonhamente com os pais, pensou que ele talvez tivesse olhando pra ela, mas não, ele olhava para a bonita da frente. Deitou a cabeça na janela e começou a viajar novamente nas introduções das musicas que tocavam baixas em seu ouvido. Olhou o escuro da rua, e percebeu que o ja estava na hora de descer. Levantou-se vagarosamente, pediu licensa a senhora do lado, corou quando a amiga da bonita sorriu pra ela, olhou para a bonita, baixou os olhos pro cara bonito e seu amigo que fitavam-a, observou o casal que continuava sonhando com o filho, e por fim, desceu do ônibus. Do lado de fora pôde ver aquele garoto bonito, que estava acompanhado pelos pais, sorrindo, olhando-a. Ela então, sorrio de volta, acenou com a cabeça, esperou até que ele acenasse de volta e atravessou a rua.