Um dia depois do Dia das Mães
Dona Leda acordou cedo, como sempre fazia. Olhou com carinho para os pacotes que ainda estavam no sofá da sala. A bagunça era geral, resultado da festa do dia anterior. Sorriu das lembranças.
Um embrulho para cada filho, total de quatro, mais outros que representavam alguns netos. Decidiu ler cada cartão que acompanhava os pacotes. Conferiu as várias declarações de amor. Sorriu, chorou, sentiu e, instintivamente, olhou para um lado e para o outro. Um vento frio assoviou no teto.
Por breves momentos viveu a impressão de voltar a ouvir os meninos, ainda bem meninos, correndo naquele casarão, que com o passar dos anos "foi ficando maior, vazio e mais frio".
"Chega" falou levantando do velho sofá.
Foi até a varanda e confidenciou para o sol: "Agora só ano que vem. É amigo, Dia das mães deveria ser todos os dias".