06 - A MINHA CASA - Parte I
Certa noite estava eu deitada em minha cama, mas ainda não tinha pegado no sono, estava naquele estado de dormência que ficamos quando o sono está nos dominando, lá fora a chuva caia com vontade, é tão bom, quando acontecem noites assim, parece que ficamos mais sentimentais talvez, não sei em que momento adormeci de verdade.
No meio da noite, acordei fui à cozinha bebi água, passei pelo banheiro para fazer o tradicional xixi, e voltei a minha cama que estava tão acolhedora, a chuva continuava a cair, tratei de arrumar-me entre o acolchoado, para ver se dormia de novo.
Passou-se algum tempo, não sei precisar, pois não olhei o relógio, mas foi um bom tempo sem que eu retornasse o sono, quando eu já estava pegando uma madorna, ouvi o barulho dos trovões, e senti que a chuva aumentava sua intensidade, e comecei a pensar e dar graças a Deus, por eu ter a minha casa, e estar ali tão protegida, ter minha cama quentinha, imaginando quantas pessoas não tem nem sequer onde morar.
Dormem embaixo das marquises, cobertos por papelões, ou pedaços de plástico, meu Deus como é triste, nós imaginarmos uma situação destas, pois mesmo que quisesse nada poderia eu fazer, pois nem as autoridades conseguem, criam abrigos, mas essas pessoas não vão para os abrigos, preferem ficar ao relento.
E pensei cá comigo mesma, é muito bom meu Deus saber que meus filhos estão acolhidos embaixo de seus tetos, que muitos amigos e parentes e até mesmo pessoas que eu nem conheço, também estão resguardadas em suas casas, seria tão bom se todos pudessem ter seu local de refúgio, sua cama, seu prato de sopa quente em uma noite assim fria e chuvosa.
E meu pensamento não parava, em mim só vinha neste momento este sentimento de agradecimento pelo fato de eu estar ali em minha cama, o sono se fora completamente.