FIM DE TARDE...

Ele lhe toma pelas mãos, e, mostra seu belo apartamento.

Admiram a paisagem da janela,

com vista para o horizonte verde-azul do mar.

Mary olha silenciosamente para aquele belo homem.

E o amor começa pelo pequeno toque dos dedos

das mãos que se procuram, do vestido de seda vermelha,

que cai na limpidez do chão. Da língua devassa que irrompe

como serpente, em estonteantes delicadezas,

que invade e se cola nas promessas da pele inconseqüente.

Tocam-se como duas flores, e dos dois amores, brota ternura...

Banham-se num drinque de licor adocicado, nus,

livres, como aves que decolam em suas asas de sonhos.

Esqueceram as horas exatas, no toque sublime do afeto.

Um explodir de beijos, o desejo se apoderando,

Mary sem resistir, prestes a sucumbir obediente, ao desenfreado êxtase.

Daí em diante, sem fugir, se esquivar dos estreitos abraços, sem defesas,

sem barreiras, sem escapar dos afagos, sem barrar sentimentos

Mary queimando em paixão

deixa-se ser amada, ao abandono do momento.

foge para o amado como rio que corre para o mar.

A língua de sol, atrevida, adentra profana

até o avesso de sua alma, sublinhando seus detalhes,

seus contornos no esmero de seus gestos, em verdadeira obsessão, indecente,

sensual, selvagem, no frisson da orgia que se apoderava,

em cada particularidade do seu corpo.

Em sua extasiante sede física,

deixou-se embriagar desse amor ...

Vitoria Moura 2/5/2010