CRIME E CASTIGO
Zé Alves desde sua entrada na escola de medicina dedicou todos os seus esforços para ser o melhor traumatologista.
A sensação de bem estar que sentia ao conseguir estabilizar o acidentado que chegasse à emergência era a sua recompensa maior.
Se a vítima tivesse a sorte de encontrá-lo de plantão podia ter certeza de que noventa e cinco por cento de sua recuperação estava garantida.
Dr. Zé Alves casou, teve filhos, viajou para o exterior, fez cursos de aperfeiçoamento na Alemanha e Estados Unidos.
Os filhos cresceram.
Zé Neto passou no vestibular de medicina.
Seria cirurgião geral para complementar o trabalho do pai.
Domingo à tarde, pai e filho saíram de bicicleta pelas ruas do bairro semi deserto.
Avenidas largas, ruas estreitas arborizadas.
Sob o viaduto, moradores de rua.
Por trás da coluna do viaduto o assaltante armado.
Anunciado o assalto o doutor parou.
Zé Neto tentou fugir.
Dois tiros.
O Zé pai, desesperado, vê a vida do Zé Neto se esvair pela fontanela lambdóide estilhaçada pela bala.
Duas bicicletas roubadas.
Luto.
A partir desse dia, todo assaltante atendido nos plantões do doutor, recebeu passaporte para a eternidade.
O juramento de Hipócrates foi trocado pela certeza de que cada criminoso a menos nas ruas é a melhor opção para todos.