Marineusa e sua gravidez
Marineusa estava grávida do primeiro filho quando soube que o maridão estava de caso com a secretária dele. Como é de praxe, ela fez um inquérito e o maridão jurou fidelidade eterna. Ela acreditou e foi exatamente onde ela errou. E o maridão acreditou que era o bonzão. Foi exatamente onde ele errou. Marineusa era ingênua e não lera o livro do Luiz Melodia, aquele que ele canta aquela música: tente saber um pouco mais sobre o sexo, peço o meu livro querendo eu te empresto. Ela sabia que o homem com quem casou era volúvel e pensou bem: sexo não sei muito bem como se faz, mas acho que ele vai me ensinar. Pois ele não ensinou, como foi mal professor, na opinião dela o que ela aprendera já estava de bom tamanho. Certo dia ao atravessar a rua já meio pesada da gestação e sob sol implacável e mal humorada, pois acabara de ligar para o marido mandar o motorista para apanhá-la. O marido não mandou o motorista que estava ocupado com algo mais importante para fazer. Ela resolveu apanhar um taxi. Foi exatamente quando a Marineusa chegou no semáforo para apanhar o taxi que ela viu o carro do maridão parado e o motorista estava conduzindo quem? Ele conduzia a aventura do maridão. Marineusa não pensou duas vezes, atravessou no meio do transito e invadiu o carro do maridão. Educadamente deu bom dia para os dois. O motorista perguntou rápido, como só os homens podem ser, quer que venha buscar a senhora mais tarde pois agora estou conduzindo a secretariado seu marido à casa dela. Marineusa, já encapetada, respondeu não, onde eu devo ir tem que ser agora. Deu para o motorista um caminho que ele seguiu. O local era longe, muito distante, praticamente atravessara a cidade. Chegando ao destino Marineusa lembrou de umas obras do marido lá em Deus me livre e disse candidamente, olha eu me enganei não é bem aqui, é mais em frente. E foram. Isso começou as onze horas chegaram ao destino as treze e trinta. Era um local ermo, as obras estavam paradas por falta de verba – eram obras públicas – o motorista argumentou, dona Marineusa, mas aqui não tem nada! Nem telefone público! O que a senhora pretende. E ela rápida, eu quero que vocês desembarquem deste carro já, porque ele é meu. O motorista olhou para a secretaria que estava aflita, como todas as almas pecadoras, e ainda perguntou: dona Marineusa, o que é que a senhora quer que eu faça? Eles já estavam fora do carro. Ele voltou a perguntar mais uma vez: o que a senhora quer que eu faça? Ela, muito séria, respondeu: eu não quero nada, vocês divirtam-se. Olhou para a secretaria que estava lívida e disse: e você faça um bom proveito da oportunidade que eu estou lhe dando. Engatou uma primeira e saiu cantando o pneu e cobrindo os traidores de poeira. Quando chegou em casa, por volta das dezesseis horas, ela encontrou a empregada assustada, desesperada, pois o marido de Marineusa estava agoniado, com medo que ela pudesse ter sido seqüestrada. Sua família já fora avisada, mas até hoje ela bem que gostaria de saber como aqueles dois conseguiram se safar da embrulhada. Quanto ao maridão, foi convidado para ocupar outro cargo de diretoria e trocou de endereço, de motorista e de secretária. E a Marineusa soube que perdera a confiança em que jurou que ela seria feliz. Eles estavam casados apenas dez meses. É, mulher rejeitada, é capaz de fazer coisas que até Deus duvida.