MINHA HISTÓRIA DE AMOR... / Heike Sanches

Minha História de Amor...

(Heike Sanches)

(Num ano qualquer...)

A vida prega cada peça em nós que muitas vezes é até difícil de acreditar. Nossos pais eram amigos e sempre estavam juntos, devido há algumas coisas a mãe dele teve que mudar do bairro e raramente nossos pais se viam, assim também como nós. Minha vida seguia normalmente, fazia novas amizades e mantinha as velhas amizades tudo estava muito bem de repente tive que mudar de escola e fui estudar em uma no centro da cidade, eu não conhecia ninguém há não ser uma amiga que morava no mesmo bairro que eu (Daiane) e como estávamos sozinhas em meio a muitas pessoas desconhecidas decidimos não desgrudar uma da outra.

Primeiro dia de aula começou muito bem fomos juntas pra escola e como estudávamos em salas separadas combinamos de nos encontrar após a aula, porém quando a aula terminou eu não a encontrei, procurei por toda a parte depois de um tempo ela apareceu toda sorridente e me disse que tinha encontrado um velho amigo e disse que gostaria de me apresentar apesar de que eu não me lembrava dele ela garantiu que eu o conhecia e no final das aulas ela iria me apresentar a ele. No final das aulas ela veio toda sorridente e me levou a ele nos apresentou e disse o nome dele (Rodrigo) e o meu, ele me abraçou e me deu um leve beijo no rosto. Ele nos acompanhou até o ponto de ônibus muito educado levou meu material e ria muito contou histórias e fez brincadeiras.

Daiane e Rodrigo viviam juntos e como eu não conhecia mais ninguém estava sempre com eles, e todos os dias Rodrigo nos acompanhava até o ponto de ônibus. Com dois meses de aula Daiane teve que mudar de cidade e a partir de então eu estaria sozinha naquela escola. Primeiro dia sem Daiane e eu pensava que Rodrigo não iria falar comigo por quê ele estava afim de Daiane e agora ela não estava mais lá, puro engano meu quando o vi se aproximar de mim e me abraçar como sempre fazia na presença de Daiane conversou comigo e ao final das aulas me esperou e me acompanhou até o ponto como sempre o fazia.

Os dias foram passando e nós conversávamos todos os dias era como se nunca faltasse assunto para nós dois e seguimos assim por todo o ano letivo. No ano seguinte no primeiro dia de aula lá estava ele me esperando no portão da escola para mais um ano de aula, mas aquele ano seria diferente Rodrigo não terminaria os estudos ali e por culpa minha.

Rodrigo e eu desenvolvemos uma amizade muito legal confiávamos um no outro eu comecei a fazer uma brincadeira com Rodrigo, pedia pra uma amiga entregar pra ele todos os dias balas que na embalagem continham pequenas insinuações de que estava afim dele. Rodrigo era muito esperto e logo, logo desconfiou que era eu a “menina da bala” assim apelidada por ele, foi uma brincadeira muito gostosa uma pena que não durou muito.

Certa noite eu estava em casa era uma sexta-feira e chovia muito quando o telefone tocou e eu atendi, uma moça perguntou por mim e eu me identifiquei ela disse que tinha uma mensagem pra mim e perguntou se eu poderia ouvir naquele momento, naquele momento a única pessoa que não passava em minha cabeça era Rodrigo. Comecei a ouvir e mensagem e no seu decorrer eu comecei realmente a pensar que fosse Rodrigo, a mensagem era muito bonita no final a moça perguntou se eu tinha idéia de quem tinha me mandado aquela mensagem e eu disse que não, ela sorriu e falou que o meu “amigo” Rodrigo tinha me mandado aquela mensagem eu fiquei muito feliz, mas não sabia como agradece-lo enquanto estava perdida em meus pensamentos minha mãe me pediu um favor e depois já era tarde demais para ligar pra ele. No sábado ele veio até o bairro que eu morava e eu fiquei feliz quando o vi apesar de estar sem graça pela mensagem, cheguei perto dele e agradeci contei uma mentira por não ter ligado e ele foi ficar com os amigos.

Naquele mesmo ano começaram a ligar pra minha casa e ficar calado, como eu sempre brincava muito dizia que era um admirador secreto que estavam afim de mim, mas não tinha coragem de se identificar. Essas ligações ocorriam sempre as 15:00hs e as 21:00hs e eu ficava ansiosa esperando aquelas ligações de uma pessoal muda apelidado carinhosamente de “mudinho”. As ligações agora eram diferentes, pois agora o “mudinho” tocava em um violão a música Palpite era muito legal, um dia eu sugeri que conversasse sobre ele, eu faria as perguntas e ele respondia sim ou não dando toques no telefone. Aquela brincadeira me fazia rir muito e dia após dia eu esperava aquelas ligações com música ou simplesmente com o “mudinho”, um dia fazendo minhas perguntas estava disposta a descobrir quem era aquela pessoa, eu já sabia sua idade e agora perguntava se seu bairro era perto ou longe do meu e perguntei a primeira letra do seu nome a qual ele mentiu, eu ria muito encantada com aquelas coisas e de repente ele não agüentou mais ficar calado e se revelou sendo meu “amigo” Rodrigo, conversamos muito sobre o motivo que o levou aquela brincadeira e depois desse dia o “mudinho” nunca mais me ligou.

Eu estava a cada dia gostando mais dele, e por uns motivos e outros comecei a me desiludir e comecei a namorar um amigo meu que tinha conhecido há um ano. Era uma segunda-feira cedo quando eu cheguei a aula e Rodrigo me esperava na escada e disse que gostaria de falar comigo e eu disse que também gostaria de falar com ele então ele pediu que eu falasse primeiro. Eu não estava muito feliz, mas contei com um sorriso que estava namorando. Naquele momento seu lindo sorriso desapareceu e ele agora estava serio, fez comentários tristes sobre o fato do meu namoro e no final para se explicar disse pra me esquecer tudo, pois era apenas ciúme de um velho e grande amigo. Eu também estava triste e tentava não demonstrar.

Nos dias que sucederam aquele dia ele tentava esta sempre normal, apesar de não conseguir e como éramos muito amigo logo voltamos a ter a mesma amizade, mas agora ele sempre faria comentários sobre meu namorado e eu...eu gostava muito dele, mas no fundo eu sabia que era apenas a velha amiga dele, ele nunca se interessaria por mim. Aquele ano foi diferente em alguns aspectos e no meio do ano ele estaria mudando de escola. Seus motivos? A única coisa que soube explicar depois de muita insistência minha foi que aquele lugar lhe trazia recordações ruins.

Tínhamos um amigo em comum, ele era professor de educação física (Messias) e nos sempre conversamos muito. Um dia eu estava muito triste sentia muita falta do meu “amigo” e meu professor me chamou para conversar, ele sabia como arrancar tudo de mim era incrível e em poucos minutos eu já tinha contado tudo sobre minha amizade com Rodrigo. Messias falou que eu não me preocupasse e que ele falaria com Rodrigo, eu não sabia o que Messias falaria com ele, mas isso me aliviava e eu fiquei tranqüila. Mantinha contato com ele sempre por telefone e um dia ao chegar a escola ele estava lá no portão me esperando, por um momento fiquei aliviada pensando que Messias não tinha falado com ele ainda e o cumprimentei toda feliz, de repente ele falou que gostaria de falar comigo por que Messias já havia conversado com ele, naquele instante perdi o chão onde pisava, eu tinha uma prova e após terminar essa prova eu iria até a biblioteca pra conversarmos. Aquela prova parecia não terminar nunca, eu estava muito ansiosa e quando eu terminei desci as escadas correndo, ele estava serio e posso dizer que foi a pior conversa que poderíamos ter tido, eu guardei cada palavra que ele disse e agora não via a hora em que ele estivesse longe de mim. Quando ele saiu, eu fiquei naquela biblioteca sozinha com Messias e comecei a desabafar tudo que tinha acontecido eu estava muito triste, mas todos os momentos de conversa e amizade não nos mantinha muito tempo sem nos falarmos e eu voltaria a conversar com ele.

Lembrei-me que no decorrer de nossas conversas ele falou que gostava muito de um lugar que ele conhecia que era maravilhoso e pela descrição que ele deu eu fiquei muito empolgada em conhecer esse lugar tão maravilhoso. Não tínhamos um horário pra irmos até lá, então optei por matar aula para ir e combinamos o dia e o horário, levei um bolo, pois ele não apareceu, mas em outra tentativa deu certo, pois eu fui parar na casa dele em um bairro que eu não conhecia só pra vê-lo, primeiro eu encontrei um amigo dele (Edson) e depois conseguir encontra-lo, fomos até o local que chamamos simplesmente de “pedras” o lugar era realmente maravilhoso e muito bonito fiquei lá na companhia de Rodrigo por horas sem ver o tempo passar e seria esse o lugar onde eu voltaria todas as vezes que queria ficar sozinha e colocar meus pensamentos no lugar certo, seria ali meu lugar de meditação.

Um costume que eu também criei foi de após minhas aulas ir ate o colégio onde ele estudava pela tarde e ficar esperando por ele pra conversarmos por alguns momentos rápidos. E sempre que ele podia aparecia na escola por alguns minutos ou até mesmo relembrar os velhos tempos e me acompanhar até o ponto de ônibus.

Em uma das vezes que fui às “pedras” parecia uma despedida, comecei a relembrar de tudo que aconteceu em minha vida nos últimos 3 anos e por incrível que me parecia em todos os momentos felizes, em todas as minhas realizações ele estava presente estava marcando sua presença jamais esquecida pela dura memória que as vezes tanto é injusta e tanto maltrata, uma memória que depois de risos traz choros, que depois das lembranças traz a saudade só pra castigar.

No ano seguinte, recebi uma noticia que iria mudar muito minha vida, eu iria viajar na verdade eu iria mudar de cidade iria ficar longe dele e de muitos amigos que eu gostava. Eu sabia que com essa viagem as coisas iriam mudar muito e antes de viajar ainda tive o privilegio de ir até as “pedras” na companhia de Rodrigo para uma prevê despedida entre dois “amigos”, eu não sabia o que fazer ele brincava comigo pra me fazer rir e nas brincadeiras fiz algumas predições que se cumpririam no ano seguinte. Fiquei ali lembrando de todos os momentos legais e felizes que passei naquele lugar e desejava ardentemente voltar a estar lá novamente.

Talvez pra Rodrigo a minha partida não tenha feita tanta diferença, mas pra mim foi muito ruim, ansiava por voltar naquele lugar com aquela pessoa. Minha vida tomou um rumo muito diferente de tudo que eu tinha planejado, terminei meu namoro, perdi o contato com Rodrigo e muitas outras coisas. Um ano depois voltei e consegui entrar em contato com Rodrigo de novo, mas não era a mesma coisa pra ele como era pra mim. Fiz muitas coisas, mas sei que não fui feliz o quanto pude, tinha medo de ser feliz essa era a maior realidade existente, sempre tive medo de ser feliz e ele, sim, Rodrigo também tinha medo de ser feliz e por isso não o foi.

Sinto muitas saudades daquele tempo, sei que não voltarei pra lá, mas sei também que nunca esquecerei tudo que nos aconteceu, Rodrigo foi o irmão mais velho que eu nunca tive, foi o pai nas horas de orientar ou puxar a orelha sempre com humor, foi também o primeiro amor de uma criança que era pra ter acabado junto com sua infância, mas que se arrasta até seus dias de hoje. Hoje é lembrado com tanto carinho, com tanta ternura que custo acreditar que acabou sem nada ter acontecido....