Dia de Reis
Seis de janeiro
Boca inchada, dente extraído
No pau-de-arara sob o sol quente de verão
Uns querem, outros não.
Sem saber que à noite seria surpreendido.
Volta de Riachão
No balanço do banco
Até encontrar conforto no colchão.
Sem demora e sem avisar
Chegam pessoas de todo lugar
Cantando reis pra homenagear
O dia que ao Menino Jesus foram visitar.
A casa enche de gente
Ninguém entende todos contentes
Se põem a brincar.
O menino de boca inchada
E dente extraído
A porta foi empurrada
E seu quarto invadido.
Cai na dança como criança
Ignorando a dor.
A noite passa, amanhece o dia
E no terreiro, uma grande folia.
Fogueira acesa, comida na mesa
Se encerra a festa, foi uma beleza.
A boca inchada fica pior
Mas a beleza da festa
Fez esquecer, com toda modéstia
Que não tem boca inchada nem dente extraído
Que venha estragar
O prazer de viver ou a alegria de brincar.