Marineusa e sua nova moradia

Marineusa depois de quarenta dias na capital onde foi morar, resolveu arrumar o ninho, por conta da festa de conta anos do seu marido. Como está sem dirigir ela apanhou um taxi perto da casa onde moram. Foi para o centro e voltou. O motorista cobrou oitenta e cinco reais. Ela ficou furiosa e ele deixou por cinqüenta e cinco. Ela entrou em casa encapetada e foi só o marido entrar que ela pensou em cometer um maricídio. Olhou em volta procurando algo para arremessar mas se segurou a tempo, pois se está vivendo com pouco, não se pode se dar ao luxo de jogar nada fora. E como despachou duas empregadas que a filha arranjou porque não tinham nada o que fazer, a casa vazia fica mais fácil. É por essa e por outras que alguns gostam de viver clean. Na opinião de Marineusa o objeto arremessado além de fazer mal ia fazer sujeira. Como ela não gosta de fazer algazarra e não é por que é fina, porque na hora do vamos ver, ninguém se segura, mas ela sabe que sua voz não ajuda. E se ela gritar vai ficar esganiçada e esse mico ela não quer pagar. Pois bem, mal o marido entrou ela perguntou: você pode me dizer em que fim de mundo eu moro? O marido que sabe que quando ela fica irada é melhor não se fazer de tolo, respondeu, a uma quadra da casa de nossa filha. A filha reside próximo ao centro da cidade. Dia seguinte Marineusa apanhou outro taxi, fez o mesmo percurso e gastou onze reais. Isso porque ela arredondou porque era menos. Aí ela aprendeu que o sotaque conta pontos. Foi roubada. Mas isso não foi o pior, mas triste mesmo foi o dia que Marineusa resolveu ir até o centro e passear a pé para conhecer a cidade. Ela fez compras em uma loja, depois, de sacolas na mão, perguntou para a vendedora: qual é o caminho da rua sete de setembro, é perto? A moça atenciosa ensinou: a senhorita, porque no norte quem não usa aliança é senhorita, vai logo ali e vira a esquerda e mais duas quadras à direita. Ela agradeceu e seguiu o seu caminho. Só não contava que as quadras são quilométricas na cidade onde mora e o sol a pino. Depois de muito canelar ela atravessou uma rua só de hotéis, era Hotel Dalas, Hotel Escalibur, Hotel Panamericano, Hotel Jade, Hotel Boquete, Hotel Venus, Hotel São Paulo e Hotel Paris. Marineusa começou a se preocupar, e o padrão de hotelaria baixando o nível. Ela cansada, tentou se proteger à sombra de uma árvore na calçada. Em segundos uma camionete parou e o chofeur perguntou: quer carona? Foi aí que a Marineusa se tocou: estava na zona de meretrício. Mas como ela é educada, respondeu não senhor, muito obrigada, eu já tenho compromisso.