Quase Mudança de Vida

QUASE MUDANÇA DE VIDA

A cela meio escura, só iluminada pela pouca claridade que se esgueirava passando pelas grades da janelinha no alto. Essa pequena luminosidade que emanava do alto do poste em frente, já do lado de fora e essas lâmpadas altas iluminavam justamente a divisa entre a penumbra do interior e o dia artificial que era lá fora por sobre o corredor de arame farpado e tela por onde corriam soltos os cães a noite e como ficavam presos durante o dia e a noite livres corriam nesse corredor que rodeava os pavilhões em volta de todas as construções, aos latidos, arfando e ganindo. Quem era recém chegado estranhava toda essa movimentação noturna, mas em seguida se acostumava e dormia como se os cães não existissem.

Era alta madrugada e o Manoel pensava a dias só conseguia dormir depois das quatro horas da manhã até as quatro ficava em silêncio no escuro do seu catre procurando não fazer muitos movimentos para não incomodar os companheiros de cela que eram ao todo quatro homens com ele nesses cubículos. Os dois anos que passara ali tinham sido horríveis para ele, sobretudo pela violência da guarda que não hesitava em bater nos presos mesmo sem motivo aparente, simplesmente escolhiam um preso e criavam o motivo e esse apanhava, havendo motivo então, batiam mais ainda.

Além de apanhar alguns eram escolhidos para fazer os piores serviços se é que se poderia chamar o que os guardas inventavam para que os presos fizessem de serviço, Manoel em outra ocasião brigou com um colega de cela, uma discussão apenas, tudo por causa de cigarros e os guardas lhe disseram, ah! Tens energia para queimar, então vem fazer um serviço para nós e ele foi levado para examinar os bois, que ele nesse dia conheceu e ficou sabendo que era um dos piores serviços, cada cela tinha um sanitário no chão só o buraco por onde entravam os dejetos e ao lado do buraco os lugares para que colocasse os pés quem o estivesse usando, esses sanitários na prisão eram chamados de bois e a missão dada ao Manoel era deitado em cada um deles enfiar o braço até o cotovelo para dentro do buraco para procurar eventuais objetos que os presos pudessem ter escondido ali como: armas, drogas ou mesmo dinheiro o que os guardas buscavam sempre avidamente e esse quando encontrado simplesmente sumia.

O Manoel ficou por uma semana enfiando a mão em todos os bois do pavilhão até que um colega cometeu uma infração e substituiu ele nessa missão, então doravante ele procurou andar o mais corretamente possível segundo as normativas dos guardas para que nunca mais tivesse de passar por aquilo que mesmo meses depois ainda podia sentir o cheiro impregnado em seu corpo e havia serviços piores ainda como vasculhar esses dejetos depois que saiam dos pavilhões e iam para imensos tanques e vez ou outra algum dos presos em dívida por alguma falta cometida entrava neles e o pretexto era para procurar algum vestígio de escavações que porventura estivessem sendo feitas no interior dos pavilhões e nesses tanques poderiam ficar acumulados areia ou terra.

Mas felizmente o Manoel foi penalizado uma só vez e agora passado dois anos nesse inferno seu advogado conseguira fazer com que ele progredisse de regime prisional do fechado para o semi aberto por ter cumprido já um sexto da pena, não tanto pelo mérito do advogado, como ele fazia questão de frisar, pois eles só pediam o que estava na lei, muito mais pelo esforço de sua mãe, que costurava o dia todo muitas vezes até noite alta, para com o valor pagar um advogado que acompanhasse o seu caso. Sua mãe e as demais pessoas de seu circulo de amizade ou parentesco de fora da prisão era para ele a maior expiação, nada lhe feria tanto ao ver a dor de sua mãe na sala do júri naquele dia ao escutar as palavras do juiz ao expressar o veredicto dos jurados. Claro que ele seria condenado, um crime hediondo, disse por várias vezes a sua mãe para que desistisse de advogado que só a estavam sugando, deixasse que o Estado suprisse à falta através do defensor público que a pena seria a mesma mas ela insistiu, foram-se os seus cobres e foi-se o seu filho único para a prisão.

Com o semi aberto veio a saída da prisão pois nessa nova fase de regime prisional o detento não mais precisa ficar todo tempo encarcerado é como que uma transição entre a reclusão total e a liberdade ficando liberado para trabalhar ou pelo menos procurar serviço durante o dia e retornar ao albergue para dormir e esse albergue já não todo fechado com grades e a segurança também não era feita por guardas eram os próprios presos mais antigos e responsáveis que faziam o controle das entradas e saídas e a regra era que a entrada deveria se dar até as 19h e a saída a partir das 6h da manhã.

Na saída da prisão com sua sacola e os poucos pertences que tinha lá dentro o guarda que lhe abriu o portão foi o que chamavam de foguinho, um que o nome era cheio de consoantes desses difíceis de pronunciar parece que de origem polonesa esse guarda era dos que mais batiam nos presos, nos dias em que ele estava de serviço todos andavam com cuidado redobrado pois sabiam que ao menor deslize o foguinho pegava. E quando nessa manhã ele lhe abriu a porta que dava acesso à rua com um sorriso nos lábios lhe dizendo ao sair que estaria torcendo para que demorasse a voltar a vontade do Manoel era pular nesse pescoço vermelho, mas controlado seguiu quieto e em frente rumo a liberdade.

Nessa tranqüilidade que é o semi aberto só precisaria arrumar um trabalho e começou essa busca, mas todo mundo torce o nariz para um apenado o Manoel jura que procurou ininterruptamente por uns dois meses e nada de serviço só conseguindo algum bico em carga ou descarga de caminhão trabalhando como chapa que é como eles chamavam esses contratos verbais para o dia e por tarefa. Manoel não gostava muito de andar nas ruas próximas a casa de sua mãe pois todos lhe apontavam o dedo mostrando o criminoso que ia ali o apenado está no semi aberto, tem de andar na linha se não lhe recolhem de novo, dava para fazer a leitura labial das comadres comentando quando da passagem dele pela rua.

Dais depois com o dinheiro de uma descarga de caminhão no bolso, tomava uma cerveja no bar do Geraldo, a regra da condicional dizia que não poderia freqüentar esses ambientes, mas a turma no bar do Geraldo era de confiança ninguém haveria de bater com a língua nos dentes e afinal ele esfolara as mãos a tarde toda para derrubar a carga de tijolos e arrumá-la ordenadamente em frente a construção e que esse ordenamento fez com que o engenheiro da obra o fizesse recomeçar esse empilhamento de tijolos por três vezes. Mas enfim nesse ambiente apareceu o Ciro um antigo companheiro dos tempos antigos que fizeram juntos algumas incursões ilegais, umas bem sucedidas outras nem tanto e sabendo da situação do Manoel, pois o que mais corre nesse mundo é onde está o fulano e o que faz e quem está preso ou quem está em liberdade, lhe segredou o Ciro sobre os detalhes da morte do tatu, que ele desconhecia apesar de ter sabido na prisão que o tatu havia sido morto dois dias após cometer um assalto a joalheria e que a policia havia encontrado o corpo mas o produto do roubo nunca e então o Ciro vinha com essa história meio louca do tatu é impressionante como os apelidos são perfeitos para as pessoas e o tatu era uma dessas pessoas o Manoel o conhecera, era realmente igual a um tatu a mesma cara o mesmo focinho de tatu, certa vez na prisão lhe deram um maço de cigarros para que fosse ao pavilhão nove entregar ao lobisomem e ele perguntou como vou saber quem é o lobisomem e o mandante disse ora é o mais parecido com lobisomem e chegando lá não teve dúvida foi até um homem de aparência horrível parado na próximo a parede do fundo e lhe pergunto se era o lobisomem e ele respondeu afirmativamente, nem precisaria ter perguntado era igual a imagem que ele havia construído em sua cabeça de como seria o homem lobo.

Mas a história do Ciro é que o tatu, nessa época, vivia uma lua de mel com uma garota e os dois muito apaixonados e tudo o que o tatu fazia era em função dessa garota e quando assaltaram a joalheria também era para pegar os alianças do casamento simbólico que fariam, então esse assalto tinha todo um simbolismo para o casal e correu tudo bem no dia eles pegaram não só alianças como também bastante jóias e separaram-se após, conforme combinado, para se reencontrar no outro dia em um lugar pré determinado para a divisão do produto do roubo, ficando o tatu como depositário do saco de tecido que continha o produto do roubo. Foi o tatu então para os braços da amada e de pronto já lhe deu o par de alianças conforme lhe havia prometido para selar assim essa relação. Naquela mesma noite o tatu não resistiu e resolveu sair para dar uma volta para prescrutar boatos a respeito do assalto, pois sempre rola alguma notícia de suspeitos, policia na volta, essas coisas, mas o que ouviu foi o que não esperava era que seus comparsas estavam descontentes pois souberam que o tatu estava distribuindo jóias antes da partilha o que era considerado falta grave no código de honra dos assaltantes e se existia uma coisa que eles preservavam eram esses códigos e entre criminosos a pena é uma só: a vida, não existe meio termo.

O tatu retornou para casa, temendo pela vida e confidenciou ao seu amor o que se passava lhe dizendo que ela ficaria com as jóias enquanto ele no outro dia fosse ao encontro dos comparsas para sondar os ânimos e que se estivesse tudo sob controle voltaria para buscar o saco de jóias do contrário se ele não voltasse ela ficaria com as jóias como prêmio pelo tempo que vivera ao seu lado e para que reconstruísse sua vida pois ele se não voltasse era por que estava morto.

Ele foi e realmente não voltou os comparsas lhe mataram e como ao revistarem o corpo não encontraram as jóias que deveriam estar com ele foram até sua casa e a revistaram minuciosamente, toda ela, apesar da mulher do tatu dizer insistentemente que não sabia de jóias e que não sabia da vida criminosa do tatu mas displicentemente ostentava a aliança nova símbolo da união ao finado aliança idêntica a que o cadáver do tatu também tinha no anelar esquerdo e o brilho do ouro recém polido é inigualável e o criminoso o conhece até pelo cheiro. Mas como depois dessa minuciosa revista nada encontraram resolveram dar um tempo pelo menos por enquanto pois agora com o encontro do corpo do tatu por certo a policia logo associaria o tatu ao assalto e sabia da turma que normalmente o acompanhava nessas incursões então era melhor desistir das jóias e tentar salvar o pêlo, indo para longe por uns tempos pelo menos até baixar a poeira.

Mas segundo o Ciro a mulher muito apaixonada e realmente desconfiada que os comparsas iriam apagar o seu tatu escondeu as jóias dentro do poço e no velório entre lágrimas segredou a uma amiga que essas jóias tinham custado a vida do seu amor e ela não teria coragem de gastá-las e quando fechavam o caixão depois das despedidas alguém viu ela se debruçar para dar o derradeiro beijo na fronte de seu tatu amado e fez escorregar para dentro do caixão o saco com as jóias. Pois essa mesma amiga ouviu dela que se ele deu a vida por esse punhado de jóias seria justo que fosse enterrado com elas e imediatamente fechado o caixão se seguiu o enterro e essa quantidade de jóias, disse o Ciro, está hoje dentro do caixão do tatu no cemitério municipal.

Era uma história meio maluca essa do Ciro mas fazia sentido pois nunca foram localizadas as jóias depois da morte do tatu e o Ciro queria a parceria para arrombar o túmulo e pegar as jóias, inicialmente o Manoel relutou pois só ele sabia o que havia passado na prisão e hoje no semi aberto na mínima falta seria de novo colocado nos braços do foguinho e violação de túmulo é crime e os crimes tipificados no Código Penal ele havia apreendido bem pois era o assunto do qual mais se falava dentro da prisão. Mas também considerando que já havia buscado emprego de todas as formas sem lograr êxito e pegando essas jóias se estabeleceria com uma revenda de carros usados seria autônomo não precisaria mais sair implorando emprego já tinha até feito os cálculos e não precisaria de muito dinheiro pois os carros ele pegaria em consignação só precisava de um lugar bonito de preferência de esquina com letreiros grandes e uma secretaria com uma saia bem curta servindo cafezinho. E mesmo por que ninguém ficaria sabendo, praticamente não haveria risco, pois essas jóias já havia sido roubadas a muito tempo e o seguro já teria até coberto o valor à joalheria.

Começaram a traçar um plano, foram até o cemitério e descobriram o túmulo em que o tatu fora enterrado nas chamadas gavetas que são estruturas construídas pela municipalidade com túmulos contíguos formando como que favos de uma colméia com três gavetas de altura e ele estava justamente na mais alta a mais difícil de acessar, teria de ter uma estrutura para subir, notaram que apesar de ter sido sepultado a mais de ano parecia que havia sido aberto depois o túmulo como se em volta o cimento fosse mais novo que as demais partes da tampa, mas poderia ser só impressão.

Como o Manoel não podia sair a noite por dormir no albergue o Ciro foi durante a noite verificar como era a segurança e descobriu que um ronda caminhava por todo o cemitério e o lugar das gavetas onde estava o tatu era muito bem iluminado era o pior lugar do campo santo para a operação. E tinha também o fato de nunca terem violado um túmulo, tinham um certo receio de um castigo divino ou algo do tipo e estavam então começando a desistir da idéia. Foi quando o Ciro em uma visita durante o dia puxou conversa com o guarda e foi surpreendido com a total maleabilidade desse guarda soube que trabalhavam em turnos de 12X36 horas quem estava de serviço no dia de hoje estaria na segunda noite seguinte e conversa vai conversa vem resolveu arriscar todas as fichas propondo uma gorda comissão em jóias áquele guarda se nessa noite quando fosse o seu plantão ele fornecesse uma estrutura em que eles pudessem subir e também fizesse vistas grossas e ouvidos moucos para os barulhos que pudesse advir dessa violação e que eles iriam deixar perfeitamente fechado o túmulo com cimento como estava agora evitando desta forma que qualquer suspeita viesse a recair sobre o guarda em seu turno de serviço.

Depois de uma certa relutância o guarda aceitou não a oferta em jóias mas estipulou um valor em moeda corrente, ao que o Ciro então pediu dois dias após a violação pois tinham de vender parte das jóias para levantar o valor em dinheiro como o guarda queria e assim ficou tudo combinado para que nessa segunda noite a contar daquele dia. O Manoel nessa noite entraria no albergue no horário de sempre ficaria deitado até ás 21hrs e sairia pela porta lateral sem provocar ruídos, indo imediatamente ao cemitério, retornando antes das seis horas, quando novamente seria conferida as presenças e desta forma não despertaria suspeitas e teria ainda um álibi.

Na noite combinada mais ou menos 21h40min. Estavam no portão do cemitério: O Manoel e o Ciro o guarda havia deixado o portão sem o cadeado e também ele mesmo havia providenciado um balde com cimento para os reparos do túmulo depois da violação e para suporte indicou uma mesa ou pelo menos uma espécie de mesa, mas insegura e frágil que com o peso dos dois homens gingava ameaçando despencar a qualquer momento o guarda sumiu não querendo participar, como se não estivesse envolvido, e naquele ambiente lúgubre de um cemitério a noite os dois começaram a bater martelo na talhadeira um imenso barulho que mesmo com a conivência do guarda se tornava insuportável, parecia reverberar dentro da cabeça do Manoel o fazendo novamente pensar em desistir só não o fazendo pois o guarda agora não admitia recuos já planejava gastar sua parte. Conseguiram a muito custo retirar a tampa de concreto que fechava a entrada e puxaram o caixão, impressionou a leveza, como se não tivesse ninguém dentro baixaram e o colocaram no chão o caixão de madeira estava integro sem qualquer sinal que pudesse ruir ou se desfazer, iam forçar a tampa com um espátula mas notaram que esta estava solta levantou-a o Ciro pois o Manoel estava com um certo receio e a luminosidade do poste próximo ao invadir o interior do caixão fez correr centenas talvez milhares de baratas que por certo moravam dentro daquele esquife a roupa intacta, flores de plásticos que por certo teriam colocado durante o velório e o esqueleto do tatu limpinho pelo serviço que haviam feito as baratas não restava nada de matéria orgânica. Saco de jóias nem sinal como a tampa já estava solta por certo já haviam arrombado antes deles chegarem atrasados. O Ciro se maldizendo ainda pegou um pedaço de madeira e remexeu todo o esqueleto desordenando os ossos e fazendo com que as baratas que se esconderam da luminosidade nos despojos novamente aparecessem com o movimento até buscar abrigo na escuridão novamente, tentava o Ciro ainda localizar alguma coisa como que não acreditando que pudessem ter sido passado para trás, pois era ele quem mais acreditava como certo esse dinheiro fácil.

Começaram a repor o caixão e fechar a sepultura o guarda apareceu curioso queria saber o resultado da busca e lhe disseram que não havia nada que o túmulo já tinha sido violado anteriormente o guarda disse que era impossível que estavam tentando conversá-lo para não lhe dar a parte que lhe tocava disse que esperaria os dois dias, conforme combinado e se não aparecessem com o dinheiro prometido os denunciaria por violação de túmulo para a policia.

Foram embora, sem jóias e ainda com a ameaça do guarda que não teve como ser acalmado por eles, até pensaram em roubar uma joalheria exclusivamente para pagar a parte do guarda que era irredutível mas sem um planejamento e mais integrantes com um maior conhecimento desse tipo de delito isso demandaria um tempo bem maior do que o guarda estava dando a eles agora. Passado dois dias o guarda conforme havia ameaçado foi a policia e os denunciou não só pela violação daquele túmulo mas aproveitou relacionou aqueles autores a todos os demais delitos que haviam sido cometido em sua jurisdição e estavam sem autoria determinada. O Ciro era ex-detento, mas o Manoel violara a condicional e isso era muito grave essa condicional foi imediatamente revogada e o foguinho o pode receber de braços abertos para uma sem dúvida mais longa temporada nesse meio e tão logo chegou foi conduzido diretamente para os bois e dias depois ficou sabendo que havia entre os presos do pavilhão oito dois integrantes da quadrilha do tatu que queriam acertar com ele suas partes nas jóias do roubo a joalheria que haviam perpetrado com o finado tatu, pois corria na prisão a história que Manoel havia violado o túmulo do tatu e estava de posse das jóias que eles não conseguiram encontrar na revista da casa do tatu no dia que o mataram e que a mulher teria colocado dentro do caixão. E que ele agora de posse do dinheiro e como havia caído na rede por desacerto com o guarda do cemitério e caíra preso, estava esperando sair para a rua para gastar o valor desse tesouro.

De novo deitado em seu catre escuro e novamente com insônia o Manoel pensava em como é dura a vida de criminoso não é moleza mas que nesse ele deu azar em um próximo quando sair daqui faria um só um bem feito e se estabeleceria com uma revenda de carros usados, ai sim esse foguinho nunca mais vai ouviria falar no Manoel.

Diniz Blaschke –Porto Alegre-RS

Diniz Blaschke
Enviado por Diniz Blaschke em 14/04/2010
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