A cor da brisa

Como era bom sentir o vento nas pernas novamente. Ela sentou-se na sua escrivaninha perto da janela e sentiu seus poros arrepiarem. Hum, era tão bom! Escrevia uma carta para os amigos. De despedida, pois iria viajar. Estava tudo tão bom com aquele vento...

A música das palavras também era muito bonita.

Mas ao mesmo tempo era estranho, ela tinha que estravasar aquilo de um jeito mais profundo. Queria correr, daquele jeito, com as pernas desnudas, com os cabelo despenteado, ao longo de uma bela praia, para se igualar com a imensidão do mar. Mas infelizmente, isso, como várias outras explosões, teriam que esperar. O céu estava convidativo para tomar um sorvete. Há quanto tempo não experimentava aquele gosto? Ela sabia que tudo aquilo era uma nostalgia precoce, o início de uma transformação. E antes que a nova fase se tornasse igual a todas as outras, ela queria apreciar cada brisa em suas pernas.