As Fofoqueiras
Tereza Boca Mole e Creuza Agulha de Vitrola são conhecidas no bairro onde moram, são terríveis ninguém escapa das línguas dessas duas, de manhã, à tarde e a noite só se ouve as vozes das duas, tem uma língua desgraçada, falam de tudo e de todos, sentam no muro e começam: Bom dia seu Lauro como vai sua esposa...? - a “mulé” dessezinho aí minha filha não sai do pagode, e ele com essa cara de corno, trabalhando dia e noite. Menina olha só quem ta chegando agora de manhã de carro! vixe! É a filha de seu João da padaria, essa nunca me enganou, e a mãe diz a filha de lá ela é moça, é pois sim.
Bom dia D. Loura como vai sua menina, passou no vestibular?, Tereza - essa daí diz que a filha vai ser doutora, eu sei a doutora que ela vai ser, e deram aquela gargalhada. Bom dia D. Marta, eu levantei de madrugada para ir ao banheiro ouvi uns gritos, barulho em sua casa o que aconteceu, foi ladrão? Creuza - diz ela que foi o amante matando rato, Tereza - foi? e o olho roxo o que foi? e nova gargalhada.
Os comentários eram terríveis, - olá seu Nicolau cadê Dona Linda? - esse aí diz que a mulher dá plantão 4 vezes por semana no posto médico, eh, eh, só se for no posto de gasolina, me deixe viu Creuza!. Ave Maria!! Olha quem vem ali, cruz credo, é a mulé daquele que trabalha de turno, Oxente! e de onde ela está vindo essa hora?, da batalha Tereza - Creuza, censurou a amiga você entendeu mal, batalha é o nome da boate que ela trabalha de noite, quando a mulher se aproximou: Como vai dona Julieta, chegando ou saindo?, Tereza viu que audácia! nem me deu IBOP, quem é ela.
Olha lá a mulher do soldador, dizem que quando ele embarca na Plataforma, o amante passa pela porta da casa e canta aquela música da Clara Nunes “Iansã cadê Ogum...” e ela responde de dentro de casa “foi pro mar” ai minha filha ele entra pelo portão da garagem, tem cada corno viu... e a mulher do mecânico..., e a enfermeira..., e aquela que trabalha na farmácia..., e umas e outra e mulé do carteiro, e fulana e beltrana...