O Executivo ( abertura de uma série de 22 )

O EXECUTIVO

Uma ambulância conduz em seu interior um homem de aproximadamente 46 anos (aparentando 50 anos), ao seu lado está o médico Ele, semi-inconsciente, pensa que valeu todo o seu esforço, anos de trabalho, a riqueza a o poder que conseguiu acumular. Pensa no filho, que esta hoje com 20 e poucos anos, e segue seu exemplo. Pensa na esposa. e na filha de l8 anos.

Recorda-se do seu começo, recém saído da faculdade, na empresa em que hoje é presidente. Na sua escalada, através de todos os tipos de

manobras, muitas vezes inescrupulosas. No mal que causou a várias pessoas. Recorda-se dos amigos que perdeu e nos inimigos que vivem junte dele, prontos para se aproveitarem de uma oportunidade para lhe tirar o poder.

Quantos momentos roubados do convívio da família, trocados pela conquista cega de poder e status. Pensa no jogo dos negócios, que as vezes é tão nocivo quanto qualquer jogo de azar. No amor puro e dito eterno que afirmava ter a esposa no início de sua vida profissional, degradado pelas noites e viagens de negócios e nos famosos encontros “necessários” de relacionamento com clientes, onde a moral tinha pouca importância diante do objetivo de conseguir mais um negócio para a empresa.

Pensa nas reuniões de diretoria, onde esquecia a honra do homem profissional pela da homem de sucesso. Agradar, mentir,mas subir cada vez mais.

O filho teve como exemplo o pai, e apesar do esforço incansável da mãe, vinha caminhando pela trilha do pai; ja havia demonstrado algumas vezes que era um bom aluno. Mesmo as portas de um casamento, mais de interesse do que por amor, já havia mentido o suficiente para iludir a noiva, o sogro - e Deus sabe a quantos mais, inclusive a si mesmo. Simpático, insinuante, velhaco, seria provavelmente o sucessor do pai.

A esposa, pessoa sofrida, tinha a esperança de ter de volta o marido com quem se casara. O dialogo entre ela e o marido era essencial, não por ela, mas por ele, que tinha medo de enfrentar a única pessoa que realmente sabia como ele fora e é. Sabia das suas mentiras e da maioria das manobras que havia feito para derrubar gente, inclusive alguns verdadeiros amigos que destroçara

A filha, amiga inconteste da mãe, sentia pena do pai, amava-o, entretanto já havia aceito sua completa incapacidade para fazer alguma coisa e criticava violentamente o irmão, chegando ao ponto da alertar a futura cunhada da loucura que estava fazendo em querer casar-se com ele.

A Empresa, como muitas outras, iniciou-se na mão de um homem de pulso forte, bons sentimentos, ideais relevantes Cresceu, não se atualizando em termos de uma administração coerente com a época em que a presidia. Esse homem se afastou pela morte e assim não mudou sua forma de administrar, que era válida no início do século, mais totalmente arcaica e destrutiva do moral no correr dos anos.

Aguns funcionários, bons técnicos e gerentes se afastaram.Outros ficaram na esperança de que a mentalidade empresarial mudaria,possivelmente com o afastamento do fundador - eles desconheciam ou não queriam conhecer, para não viverern, a dura realidade. Neste, arnbiente, muitos que ficaram e alcançaram postos elevados, diretoria e gerência, tinham se transformados em revoltadas ou mostos do velho vinho, que, velho demais, ficou avinagrado. Ele, o executivo, hoje presidente que sucedera ao fundador, começou como a maioria dos rapazes, que saem da faculdade cheios de sonhos e com uma experiência puramente acadêmica, não vacinados para o ambiente sujo e contaminado das emboloradas estruturas organizacionais das empresas

tradicionais.

Eram seis diretores; ele, o executivo, um dos mais jovens na idade, e o mais velho nas manobras, detendo na mão boa parte dos negócios da empresa e o suficiente (coisas da vida particular de cada um) sobre cada diretor, seu par. O objetivo era derrubar os outros diretores da noite para o dia em uma Assembléia de Acionistas, em que ele deixasse transparecer a insuficiente moral de cada um, em negócios paralelos conflitantes com as interesses da empresa, não em termos de resultados (pequenos negócios), mas suficientemente comprometedoras para um diretor diante de uma Assembléia de Acionistas ou de um Conselho Fiscal.

Ele mesmo interessará cada um, no passado, nestes negócios, preparando ardilosamente uma verdadeira cama de gato, mas nunca se comprometendo, pois seu fito era a presidência com toda diretoria na mão.

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