LEMBRANÇAS
Duas amigas faziam os exercícios e conversavam, na aula de hidroginástica.
-Ana, a minha mãe, viúva com seis filhos para criar, comia as coisas escondido e, certo dia, meu irmão lhe perguntou:
-O que a senhora está comendo?
-A minha língua, filho.
Você acredita que eu a peguei tomando sorvete no banheiro?
-Claro que acredito, Dulce! Lá em casa não era diferente. Papai comprava um quilo de carne por semana. Na hora do almoço, mamãe comia arroz, feijão e verduras, que ela mesma colhia na horta. Eu, caçula dos cinco irmãos, ficava intrigada:
-Mamãe, por que a senhora não come carne?
-Porque não gosto, filha.
E eu acreditava. Agora, sei que ela renunciava o alimento em prol da família. Hoje, essa lembrança me deixa profundamente triste.
-Ei! Vocês duas estão conversando muito e isso atrapalha o rendimento!
-Ah, professor, deixe a gente recordar o passado. É tão bom!